Sou
nordestino e não nego
Nossa terra
tem cultura
Que está a
nossa altura
Que chega a
encher meu ego
Eu cultivo
e muito rego
Pra ela não
se acabar
Que´la
venha mais brilhar
E o
preconceito elimino
Sou matuto
nordestino
Nunca irei
me envergonhar.
O jumento lá no campo
Meio dia a relinchar
No cercado a pastar
E o cavalo pirilampo
Esta paisagem estampo
No cordel a versejar
Coisas belas de olhar
Que vejo desde menino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
Jackson do
padeiro é nosso
E Patativa
do Assaré
São
Francisco em Canidé
Jorge Amado
eu endosso
Esquecê-lo
eu não posso
De José de
Alencar
Conhecido
em além-mar
Suas obras
eu assino
Sou matuto
nordestino
Nunca irei
me envergonhar.
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Já plantei muito
feijão
Milho e fava também
E não nego pra ninguém
Qual a minha
profissão
Sou agricultor então
Amo a terra cultivar
E com o gado lidar
Neste clima campesino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
Como
posso ter vergonha
De Luiz
rei do baião
De
Padre Cíço Romão
Da
canjica e da pamonha
De uma ‘caboca’ risonha
No seu
lindo cirandar
Nossa
cultura popular
Tem
mais um sabor divino
Sou
matuto nordestino
Nunca
irei me envergonhar.
Piso milho e rapadura
Dentro d'um grande
pilão
Misturo bem a porção
Que tem uma grande
doçura
Paçoca de cor escura
Gostosa de degustar
Forte pra se
alimentar
Seu sabor é muito
fino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
3
Nós
temos a vaquejada,
Xote,
forró e baião
Maracatu
e leilão
Queijo
de coalho e buchada
Feijão
verde, maxixada
A pedra
de amolar
Uma noite
de luar
No
chiqueiro um suíno
Sou
matuto nordestino
Nunca
irei me envergonhar.
A cabra bem amarrada
Em baixo do juazeiro
E o cabrito bem
ligeiro
Para a primeira
mamada
Da a sua disparada
Vai sua mãe procurar
No peito fica a
amojar
Aquele bebê caprino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
No
Nordeste tem quadrilha
Cantoria
de viola
Tem
tareco e mariola
Violeiro
que dedilha
Poeta
que lê sextilha
Para o
povo escutar
Tem
umbu pra nós chupar
O forró
é genuíno
Sou
matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.
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A palma toda verdinha
Vai servir para a
ração
Quando chega a
sequidão
Salva a pobre
vaquinha
Que urra a tardezinha
Querendo a fome matar
E o vaqueiro a olhar
Tenta salvar o bovino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
Nosso herói
é Lampião
E não
esqueço Ariano
Que já
foi pra outro plano
Com
Catulo da Paixão
Nossa
festa é o São João
Podemos
nos orgulhar
Tem
forró pra nos dançar
Do
mais pobre ao granfino
Sou
matuto nordestino
Nunca
irei me envergonhar.
Quando chega o verão
A seca é tão voraz
A lavoura logo jaz
É triste a sequidão
Murcha toda a
plantação
Ninguém pode mais
plantar
Longe vai água buscar
Sem saber qual o
destino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
5
Luiz da
Câmara Cascudo
O vate
Pinto de Monteiro
Nosso
Jackson do pandeiro
Que
cantou sem ter estudo
Pai de
chiqueiro barbudo
Que
vive a bodejar
Moça
velha a sonhar
Querend’um
novo destino
Sou
matuto nordestino
Nunca
irei me envergonhar.
Bebo água do barreira
Como feijão com
coalhada
Carne de bode assada
Milho assado no
braseiro
E compota de facheiro
Qu’é bom pra saborear
Pois quem sabe
preparar
Fica com sabor divino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
O pífano
de Caruaru
O
repente de Batista
O poeta
cordelista
A dança
do maracatu
Nosso artista
de Exu
Que’u vivo de recordar
Ele
sempre vai reinar
Como o
mestre Vitalino
Sou
matuto nordestino
Nunca
irei me envergonhar.
6
O nordeste é tão rico
Onde emana a cultura
Tem muita literatura
Muito encantado eu
fico
Minha arte aqui
pratico
Vendo o repente
aflorar
No ato de improvisar
Onde o pinho mostra o
tino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
Eu
curto a capoeira;
O forro
de Dominguinhos;
Facheiro
com seus espinhos;
E o
poeta Zé Limeira
Louro
Branco e Oliveira
Com seu
belo linguajar
Vale à
pena escutar
Sua
canção é um hino
Sou
matuto nordestino
Nunca
irei me envergonhar.
Tem o João Paraibano
E o grande Azulão
E também o Camarão
Que está em outro plano
Zé Vicente outro mano
Que sempre vamos
lembrar
E o seu legado estar
Estampado em seu hino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
7
Cantoria
de repente
Emboladores
na feira
Charque
assada e macaxeira
Um
aboiador valente
Vaqueiro
bebe aguardente
E
depois vai aboiar
Como é
bom escutar
Nosso
Jessier Quirino
Sou
matuto nordestino
Nunca
irei me envergonhar.
O Leandro de Pombal
Zabezinha de Monteiro
Oliveira o violeiro
Repentista tão legal
Zé do Couro é genial
Faz gibão de encantar
E as vestes para usar
O vaqueiro agrestino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.
Aprecio
o carnaval
Nossas
festas genuínas
É só
ver as festas juninas
E o
nosso litoral
Nossa
cultura é colossal
Podemos
nos orgulhar
Os
outros vêm nos visitar
O
Nordeste é seu destino
Sou
matuto nordestino
Nunca
irei me envergonhar.
8
Zé da luz deixou
marcado
O seu verso tão sutil
Conhecido no Brasil
E por muito declamado
E Louro sempre
lembrado
E Pinto tão popular
Mestre no improvisar
Hoje no plano Divino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
Sou
nordestino da gema
Somos muito
importantes
Estamos
sempre avantes
Nossa
cultura é suprema
Termino
esse poema
Pra o povo
apreciar
E o
nordeste valorar
Que me
respeito o sulino
Sou matuto
nordestino
Nunca irei
me envergonhar.
E o Raimundo Jacó
Um destemido vaqueiro
Do nordeste
Brasileiro
Que sofreu de fazer
dó
Na lida caído e só
Viu a traição chegar
Na inveja a brotar
Nas mãos de um
assassino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me
envergonhar.
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Poeta Esperntivo - Orobó-PB
Pádua Gomes Gorrión - Itatuba-PB