DUELO POÉTICO
II FESTIVAL ONLINE DE POESIA
GRUPO POETAS DO NORDESTE
EL GORRIÓN X HIURY SOUZA
ESTILO HEPTASSILÁBICO:
Eu sou melhor do que tu
El Gorrión
Eu sou grande terrorista
Conhecido em todo mundo
Sou primeiro sem segundo
Pois meu partido é nazista
Também sou muito egoísta
Igualmente a belzebu
Não tenho mestre, guru
Nem sequer sei me benzer,
Porém só quero dizer:
Eu sou melhor do que tu.
Hiury Souza
Eu sou um burro empacado
encangado num mourão,
sou praga de plantação
destruindo o seu roçado,
eu sou toureco apartado
nas brenhas do Pageú,
Eu sou igual urubu
voando atrás de carniça
Mesmo botando catiça
eu sou melhor do que tu.
El Gorrión
Eu sou cobra venenosa
Bem pior que
cascavel
Já fui puta de motel
Muito feia e
fabulosa
Já fui cadela viçosa
Procurando tapuru
Sou carniça de timbu
Que morreu no meu abrigo
Sendo o cão ainda digo
Eu sou melhor do que tu.
Hiury Souza
Eu sou cobra peçonhenta
Sou catinga de cadela
Sempre fui toda mazela
que um poeta não aguenta.
Eu sou baba de jumenta
Sou que nem peba suru
Sou cagada de anu
Na testa do lavrador,
Seja do jeito que for:
eu sou melhor do que tu.
El Gorrión
Eu sou Hitler perseguindo
Os judeus em todo mundo
Com seu poder iracundo
Pois maltratava sorrindo
Eu sou Saddam consumindo
Como faz um urubu
Quando devora um vudu
Faz o maior estampido
Mesmo sendo este bandido
Eu sou melhor do que tu.
Hiury Souza
Eu sou velhaco esquecido
Sou cobrança de analista
Sou igualmente um golpista
Sou poeta intrometido.
Sou Osama enraivecido
Depois de tomar Pitu,
Tiro a roupa e fico nu
Prego solto em passadiço:
Mesmo sendo tudo isso
Eu sou melhor do que tu.
El Gorrión
Eu sou cascão de ferida
Sou dor de unha encravada
Sou descarga de privada
Sou coalhada apodrecida
Sou hemorróida rompida
Sou carniça de timbu
Sou velho que pede nu
Esmola fora da lei
Mesmo sendo o que falei
Eu sou melhor do que tu.
Hiury Souza
Sou igualmente o veneno
Das cobras do Araripe,
Sou um bruguelo com gripe
Andando sob o sereno.
Sou pior que Zé Pequeno
Sou cafife de um lambu
Meu corpo tem tapuru
Sou cibalena estragada:
Eu não prestando pra nada
Serei melhor do que tu.
MOTE EM DEZ
Quando canto as belezas do Sertão
Sinto o cheiro do gado no curral.
Hiury Souza
Na cancela, a rolinha já descansa
E o vaqueiro se acorda co'a zoada
O cantar do campina na alvorada
Já desperta a boiada muito mansa.
Lavrador na labuta nunca cansa
Passarada correndo o milharal,
E a poeira cortando o vassoural
O animal puxa arado pelo chão:
Quando canto as belezas do sertão
Sinto o cheiro do gado no curral.
El Gorrión
No sertão
quando chove tem beleza
Pois a chuva é riqueza para os campos
Os faróis de milhões de pirilampos
Ornamentam as noites com destreza
Acho belo um arrulho de burguesa
Que libera seu canto magistral
Uma vaca berrando no campal
Traz um canto aliviando o coração
Quando canto as belezas do sertão
Sinto o cheiro do gado no curral.
Hiury Souza
Os moinhos de açúcar funcionando
Processando o produto do meu solo,
A esposa do pai tem no seu colo
A criança que ainda está mamando.
E uma barra de inverno está chegando
Renovando esperança sazonal
Tendo Fé numa força divinal
Que auxilia a riqueza do torrão:
Quando canto as belezas do sertão
Sinto o cheiro do gado no curral.
El Gorrión
Aprecio um xexéu de bananeira
Quando canta seu hino bem cedinho
O concriz que levanta de seu ninho
Pra cantar lá no alto da palmeira
Logo forma uma orquestra pioneira
Como um sino badalando a catedral
Não existe no
mundo instrumental
Uma voz semelhante
de um carão
Quando canto as belezas do sertão
Sinto o cheiro do gado no curral.
Hiury Souza
Rezadeira constrói
o seu legado
Portadora do galho de uma planta
Juriti muda a cena quando canta
Ao deixar nosso povo fascinado.
As agruras no solo ressecado
São retratos da seca atemporal
Sertanejo só tem no cabedal:
A enxada, o jumento e um facão:
Quando canto as belezas do sertão
Sinto o cheiro do gado no curral.
El Gorrión
Quando vejo um
trovão no céu gritando
O sertão de repente já
se anima
O calor com o tempo muda o clima
É possível se ver sapo coaxando
Passarinhos sem linha vão bordando
A natura a procura
do ninhal
Festejando organizam um coral
Sem sanfona, sem gaita ou violão
Quando canto as belezas do sertão
Sinto o cheiro do gado no curral.
Hiury Souza
A ração que é dada à vacaria
Foi passada na velha forrageira,
Vendedor de alpercata vai à feira
pra vender seu produto à freguesia.
Na bodega, uma turma sem valia
Algazarra sem fim, descomunal
Na calçada, uma briga de punhal
Dois sujeitos raivosos, sem razão:
Quando canto as belezas do sertão
Sinto o cheiro do gado no curral.
El Gorrión
Como é lindo o sertão do meu amor
Quando vejo uma manga em cada cacho
Muitas águas descendo do riacho
Borboletas pousando sobre a flor
O luar é tão belo inspirador
Mas cantando o vaqueiro é genial
Pois seu canto semeia num cristal
A mais pura excelência da canção
Quando canto as
belezas do sertão
Sinto o cheiro do gado no curral.
GRUPO POETAS DO NORDESTE
20/08/2017