Nada
pode se esconder,
Pois
não há crime perfeito
Para
não se esclarecer,
Mesmo
que ninguém não veja
Saiba
que Deus tudo ver.
Peço
a Deus neste momento,
Um
pouco de inspiração
Pra
relatar este caso
Que
eu escutei no sertão.
Quando
lembro, me arrepio
E
abala meu coração.
Confesso
que tive medo,
Mas
com coragem gigante,
E
na presença de Deus
Senti-me
forte e confiante
Para
contar a estória
De
uma caveira cantante.
Um
caboclo sertanejo
Foi
quem tudo me contou.
O
meu cérebro bom de prosa
No
momento registrou,
E
agora conto a vocês
Do
jeito que se passou.
1
Disse
aquele sertanejo
Que
a pouco lhe conheci
Que
num reino muito longe
Um
bicho mandava ali,
Causava
grande terror:
Era
um grande javali.
Esse
gigante animal
Destruía
plantações
Afastava
os moradores
E
seus nobres das mansões
E
as pessoas buscavam
Do
monarca as soluções.
O
rei Artur muito triste
Sem
saber o que fazer
Ofereceu
sua filha
Bonita
que dar prazer,
Para
quem matasse o monstro
E
o levasse pra ele ver.
Teresa
era filha única
Moça
bela e bem tratada
Vivia
naquele reino,
Porém
nunca foi beijada,
Mas
pela morte do bicho
Ela
iria ser trocada.
2
Dois
irmãos da redondeza
Logo
se prontificaram
De
executar o serviço
E
ao monarca avisaram.
Diante
daquele caso
Coragem,eles
demonstraram.
O
mais novo dos irmãos
Mostrava
capacidade
E
nunca fora orgulhoso
E
nem guardava maldade.
Era
um sujeito honesto
Que
só falava a verdade.
O
nome deste rapaz era
Era
Pedro Celestino.
Corajoso
e destemido
Desde
quando era menino.
Quem
conhecia o rapaz
Sabia
do seu destino.
Já
o outro seu irmão
Demonstrava
uma frieza.
Chamava-se
Sebastião
E
aparentava esperteza,
Mas
diferente do irmão,
Pois
faltava gentileza.
3
Os
irmãos se dividiram
Para
o bicho capturar
E
por caminhos contrários
Começaram
caminhar.
Adentraram
na floresta
Depressa
sem embromar.
Na
busca pela floresta
Pedro,
o mais novo encontrou
Um
pequenino gnomo
Que
ao ver se emocionou
Sem
temer ao anãozinho
Pra
junto dele marchou.
E
logo o tal anãozinho
Sentiu
no seu coração
Que
Pedro era um homem bom
E
que não tinha ambição,
E
deu-lhe uma lança mágica
Para
difícil missão.
Ele
ficou tão contente
Que
quase não sai dali.
Sentiu-se
com mais coragem
Logo
começou a ri
Pensando
matar ligeiro
O
gigante javali.
4-1
Aquele
jovem ditoso
Encontrou
o animal
Que
causava tanto medo
E
fazia tanto mal.
Jogou
a lança no bicho
Que
tombou no matagal.
A
flechada foi certeira
Porque
foi dada com artes
E
Pedro exibia o bicho
Como
se fosse estandartes
E
o coração do animal
Dividiu-se
em várias partes.
Ao
voltar para o castelo
Carregando
o bicho morto,
Encontrou
com seu irmão
Que
sentia desconforto,
Bebendo
em uma taberna
Com
olhar pra ele torto.
Sebastião
com inveja
Ao
ver que o irmão venceu
O
difícil desafio,
Com
isso entristeceu.
Fingindo
comemorar
Vinho
a ele, ofereceu.
4-2
Dizia
pra seu irmão:
-
Nós vamos comemorar
O
desafio vencido
E
pediu pra lhe abraçar,
Mas
sabendo que o irmão
Ia
logo se acabar.
Assim
que Pedro bebeu,
Embriagado
ficou,
Perdeu
noção e o sentido
E
na estrada tombou
E
seu irmão com maldade
De
repente o assassinou.
Depois
que matou o irmão
Escondeu
detrás de um monte
Para
ninguém perceber
Lavou
as mãos numa fonte,
Enterrando
seu irmão
Bem
debaixo de uma ponte.
Depressa
foi pra o castelo
E
quando adentrou ali,
Procurou
pelo monarca
Que
começou a sorri
Quando
viu naquela hora
O
temido javali.
5-1
Sebastião
cobiçoso
Foi
exigindo do rei
A
mão da princesa em troca
E
que ele cumprisse a lei.
Dizia
pra todo povo:
-
O javali eu matei!
E
disse ainda pra o rei:
-Meu
irmão Pedro morreu!
Foi
cortado em pedacinhos;
A
fera lhe dissolveu.
O
rei baixou a cabeça
E
triste lhe agradeceu.
A
princesa se casou
Pra
sua infelicidade
Com
Sebastião assassino,
Um
homem sem piedade.
Viveram
momentos bons
Até
chegar a verdade.
Tudo
caminhava bem
Ninguém
no caso tacou,
Até
que um dia um pastor
Uma
caveira encontrou
Lá
debaixo de uma ponte
E
este fato lhe intrigou.
5-2
O
pastor pegou um osso
Para
um berrante fazer,
Serviu
de material,
Mas
sem de nada saber
Que
era de um inocente
Que
viera fenecer.
E
aquele ossinho serviu
Pra
o berrante incrementar,
Que
serviria ao pastor
Para
seu gado chamar.
Sem
saber que um mistério
Rodopiava
no ar.
O
osso que ele pegou
Era
de um homem inocente
Que
padeceu com a morte,
Morrendo
feito indigente
Pelas
mãos de seu irmão,
Um
sujeito prepotente.
Terminado
seu berrante
O
pastor logo tocou
E
uma música sombria,
Todo
reinado escutou.
De
modo que até o rei
Ao
ouvir se incomodou.
6
A
canção que se escutava
Assuntava
o assassinato
E
todo povo que ouvia
Recordava
aquele fato.
Que
o irmão até pensava
Que
estava no anonimato.
O
pastor ficou com medo
E
também muito assustado.
Pegou
seu belo instrumento
E
partiu para o reinado,
E
contou para o monarca
Que
também ficou chocado.
O
monarca ao escutar
Aquele
triste alarido
Que
saia do berrante
Compreendeu
o acontecido.
Foi
à ponte e desterrou
O
irmão que fora traído.
Com
o caso revelado
O
príncipe Sebastião
Foi
convidado ao castelo
Para
uma reunião
Sem
saber que recebia
A
mais dura punição.
7
O
rei daquele reinado
Foi
bem corajoso e forte
Condenando
o próprio genro
Que
não teve muita sorte.
E
o que fez com seu irmão
Ele
pagou com a morte.
O
rei mandou os soldados
Aquele
moço amarrar
E
que tivessem cuidado
Para
ele não se soltar
E
o pusessem em um saco
Para
sacudir no mar.
O
pobre de Sebastião
Colheu
ali seu destino.
Por
matar um inocente
Bravo
homem campesino,
E
assim foi vingada a morte
Do
irmão Pedro Celestino.
Agora,
caro leitor,
Este
conto, a ti oferto
Tire
suas conclusões
Procure
ser mais esperto
Mas
saiba que neste mundo
Que
nada fica encoberto.
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