Há um ser tão poderoso
Que perdoa os erros meus
Está em todo lugar
A cuidar dos filhos seus
É criador do universo
E esse ser se chama Deus.
E ao maior soberano
Quero aqui
interceder
Para contar este fato
Que eu não vi acontecer
De um rei que era ateu
Mas depois passo a crer.
Em um reinado distante
Daqui do nosso sertão
Residia um rei ateu
Sem Deus e religião
Mas ali seu escudeiro
Era um sincero cristão.
O rei tinha muita raiva
Que até mudava de tom
Porque seu servo dizia:
“O meu Deus é muito bom!
Gloria Deus santo,
aleluia,
Pela vida e pelo dom”.
1
O nome desse escudeiro
Era Pedro Daniel
Sua mãe era Zumira
E seu pai Paulo Miguel
Ele tinha confiança
No Deus grande de Israel.
Não reclamava de nada
E por tudo agradecia
Louvava sempre ao Senhor
Com respeito e ousadia
E fazia a suas preces
Com temor e alegria.
Por qualquer coisa este servo
A Jesus agradecia
O rei ficava bravíssimo
Mas no pensar entendia
Que ele era muito fiel
Com prazer lhe defendia.
Um dia o rei foi caçar
E o seu servo foi também
Para proteger o rei
Pois fazia muito bem
Mas foi confiando em Deus
E na Virgem de Belém.
2
Mas de repente uma onça
Para o monarca avançou
E Pedro seu escudeiro
Com destreza resguardou
Mas num descuido o animal
O dedo do rei torou.
O rei ficou revoltado
Com aquela triste ação
Castigou seu escudeiro
Colocando na prisão
E chamou de incompetente
O fervoroso cristão.
Ele ficou muito triste
Mesmo assim agradeceu
A Deus todo poderoso
Que com certeza o entendeu
Com o coração contristado
Mas na fé permaneceu.
Noutro dia o
soberano
Saiu pra selva caçar
De rente apareceu
Índios pra lhe capturar
Pois eles comiam gente
E então ia o devorar.
3
Esses índios antropófagos
Levaram o rei para aldeia
Amarrado pés e mão
Para servir como ceia
Ele já foi percebendo
Que a coisa estava feia.
E mesmo sem crer em Deus
Começou a se lembrar
Daquele que estava preso
Triste começou a orar
Porque buscava
esperança
Para pode se salvar.
Acenderam uma fogueira
E começaram dançar
Fazendo seu ritual
Para depois lhe matar
Nisso chegou o pajé
Que veio pra examinar.
O pajé bem concentrado
E ele morrendo de medo
E todos índios dançando
Naquele grande folguedo
E o pajé logo notou
Que estava
faltando dedo.
4
Ele acenou com a mão
Mandou a tribo parar
Porque o seu deus tupã
Não iria se agradar
De um homem defeituoso
Para lhe sacrificar.
Desamarram o monarca
Que no momento temeu
Ficou pensando na vida
E em tudo que aconteceu
Olhou para o céu contente
E a Deus agradeceu.
Depois que ele se viu livre
Uma culpa lhe abateu
Começou a imaginar
Do mal que ele cometeu
Ao prender seu
servo justo
Que sempre lhe defendeu.
Quando chegou ao reinado
Para seus súditos
contou
Que a morte lhe visitara
Mas que Deus santo o livrou
O povo que ali o ouvia
Com reverencia o louvou.
5
E depois foi ele mesmo
Pra aquela triste prisão
E encontrou seu escudeiro
Com seus joelhos no chão
Que agradecia a Deus
Pela sua salvação.
E quando viu seu monarca
A Jesus glorificou
E ficou muito feliz
Porque ele lhe visitou
E disse: “Meus Deus é bom
Que até rei aqui mandou!”
O rei contou pra
seu servo
Tudo que ali se passou
E que se lembrava dele
E que com seu Deus falou
Que fez até oração
E que o Deus bom lhe livrou.
Quando Pedro Daniel
Escutou o rei falar
Deu um grito de alegria
Que chegou a estrondar:
“Esse Deus é muito bom,
Vale à pena acreditar.”
6
O rei lhe pediu perdão
E ao escudeiro abraçou
E passou a entender
E com pesar libertou
Daquela triste prisão
Que outrora o colocou.
Disse pra seu escudeiro:
-No momento da agonia
Eu lembrava de você
Quando a Deus me dirigia
E eu aprendi a rezar
E minha oração subia.
Pedro ali lhe agradeceu
Comovido até chorou
Abraçado com o monarca
E disse que o perdoou
Agradeceu a Jesus
E muito feliz falou:
-Soberano, quem sou eu
Para não lhe perdoar
Esta prisão me fez bem
Para com meu Deus falar
E aproveitei todo tempo
Pra seu perdão implorar.
7
Eu li a Bíblia sagrada
Abrindo meu coração
Pensei como ser melhor
E cumpri minha missão
E sobre a vida na terra
Fiz também reflexão.
Veja também, meu senhor,
Não quero aqui mais lamento
A minha palavra agora
É só de agradecimento
Porque o Deus poderoso
Deu-me um grande livramento.
O senhor foi capturado
E quase que ali morreu
Por ter o dedo cortado
O senhor sobreviveu
E se eu tivesse ido à caça
Quem morreria era eu.
O seu dedo está cortado
Mas o meu está perfeito
O senhor seria solto
E não teria outro jeito
Morreria em seu lugar
Porque não tenho defeito.
8,1
Quando o rei compreendeu
Um grito no ar soltou
Dando glória para Deus
Que da morte o libertou
Abraçado ao escudeiro
E a Deus com calma louvou.
Depois do caso passado
Aquele monarca ateu
Passou a ser um cristão
Todo mistério entendeu
E no arquiteto do mundo
Sua fé desenvolveu.
Por isso, caro
leitor,
É bom a gente entender
As peças que a vida prega
Leva o cristão a ceder
Depois de tudo passado
É que vamos compreender.
Termino aqui meu cordel
Com grande satisfação
Agradecendo a meu Deus
De todo meu coração
Por ter me feito um poeta
Mas com olhar de cristão.
8,2
Nenhum comentário:
Postar um comentário