terça-feira, 7 de abril de 2015

DESPREZO




Eu sei que tu me desprezas
E sei que me aborreces
E zomba de minhas preces
Com o orgulho quem tens
É difícil suportar
O teu rigor me consome,
Pois mesmo pobre e sem nome
Vou desprezastes também.
  
Por ti me apaixonei
Eu fui um louco em sonhar
Arrependi-me por te amar
Sem consultar a razão
Aquele lindo amor
Que em teus olhos eu via,
Pois era tudo ironia
E uma falsa paixão.
  
Eu tenho medido a distância
Que nos separa na vida
Tu tens aurora florida
Eu tenho os dias cruéis
Tu tens um lindo amor
Que pode te dar carinho
Eu levo os dias sizinho
Pensando como tu és.
  
Do que vale a ufania
Teu orgulho o que importa
Se o ouro me fecha porta
A glória me estende as mãos
Se de custosos brilhantes
Tu tens a fronte adornada
Eu tenho alma inundada
Nas ondas da inspiração.
  
Não penses que o céu que sonhas
E tão constante de rosas
Há  muitas sombras nublosas
Para cobrir teu cetim
Nem todo lago e tranquilo
Nem todas flores tem perfume
Nem todo astros tem lume

Nem todo gozo é sem fim.


Poema de Elson Gomes - poeta Ingaense

UM PLANETA DIFERENTE



Cansei de assistir jornais
Fui me deitar tristemente
Pensando em tudo que vi
Adormeci lentamente
E sonhei que estava
Em um planeta diferente.

Era um planeta coberto
De plantas de várias cores
Os riachos orquestrados
Por sapinhos cantadores
E os colibris bailando
Sugando o néctar das flores.

Búfalos, também elefantes
Lobos, cordeiros pastando
Girafas, gazelas e alces
Pelo campo saltitando
E na linha do Equador
Os dinossauros passando.

Fiquei olhando encantada
Depois sai caminhando
Seguindo a margem de um rio
Com os peixes conversando
As flores exalando o cheiro
E as florestas cantando.

Em seguida vi uma cena
Que tocou meu coração
Uns garotos dentro d’água
Salvando um tubarão
Que tinha ficado preso
Nas pedras do ribeirão.

Tiraram o bicho pra fora
Todos eles bem contentes
Um deles passou a mão
No bicho suavemente
E depois o colocaram
Dentro d’água novamente.

Depois eu parei e vi
Perto de uma pedreira
Cinco homens construindo
De pedra uma cadeira
Eu perguntei a um deles:
“Por que não faz de madeira?”

Falaram em uma só voz:
“Destruir uma árvore bela?
Pra fazer uma cadeira
Somente pra sentar nela.
É mais sensato ficarmos
Sentados na sombra dela”.

Com esta simples resposta
Eu logo me envergonhei
Pra disfarçar a vergonha
Numa pedra eu me sentei
“Aonde fica a cidade?”
Aos senhores perguntei.

Responderam: “siga a trilha
Com nome de liberdade
Ao lado tem uma placa
Que indica felicidade
Vá seguindo toda a seta
Que chegará na  cidade”.

Quando eu cheguei à estrada
Comecei a caminhar
No meu ombro um passarinho
Começou logo a cantar
No mesmo instante senti
A paz que estava no ar.

Na minha frente voou
Lá um outro passarinho
Ia na frente e voltava
Cantarolando baixinho
Como quem dizia: “venha,
Eu lhe ensino o caminho.”

Quando cheguei na cidade
Parei em frente a um galpão
Com muros todo de pedra
Na frente um grande portão
Em cima tinha um letreiro
Hospital do Coração.

Olhei para o lado esquerdo
Tinha um cartaz estupendo
Em cada canto uma lâmpada
Apagando e acendendo
Com o fundo cor de prata
Com as letras góticas dizendo:

“Aqui se encontra internado
Quem sofre de ingratidão,
De egoísmo e inveja
Ódio, rocio e ambição
Cobiça e outros males
Que envenena o coração”.

Eu olhei pra o outro lado
Um senhor ‘tava’ me olhando
Lindo sorriso nos lábios
Seus olhos ‘tava’ brilhando
Botou a mão no meu ombro
E saímos conversando.

Dizia ao meu ouvido:
“Pode ficar à vontade!
Vamos caminhar comigo
Pelas ruas da cidade
E conhecer bem de perto
A nossa felicidade”.

Eu olhava bem as coisas
Branca da cor de marfim
Portas, janelas de vidros
Com cortinas de cetim
Todo quintal uma horta
Toda calçada um jardim.

Quando chegamos à praça
Parei e passei a mão
Numa estatueta de ouro
Parecia com Sansão
Em vez de espingarda
Era uma enxada na mão.

Eu perguntei ao amigo:
“É de um parlamentar”?
Ele então respondeu:
Com um sorriso no olhar
“É de um agricultor
O nosso herói popular”.

Eu perguntei: “E a outra
Que está de frente erguida,
A do pedestal de bronze
Elegante e bem vestida”!
Respondeu: “foi quem criou
A matemática da vida”.

“Pois tirou multiplicar,
Somar e subtrair
Deixou nossa matemática
Somente com o dividir
Ensinando o cidadão
Aprender a repartir”.

Naquele instante avistei
Na sombra de uma parreira
Dois garotos consertando
Uma velha forrageira
E outro mais afastado
Limpando uma talhadeira.

Eu perguntei ao senhor
Sem querer o aborrecer
O que eles estão fazendo
Por favor posso saber?
Respondeu: “estão brincando
De brincar de aprender”

“As crianças aqui brincam
Com paquímetro de aço puro
Esquadra, régua, compaço
Martelo de ferro duro
São brinquedos de infância
Ganha o pão do seu futuro.

Quando saímos da praça
Ví um pé de buriti
Uma linda águia azul
Ao lado de um bem-te-vi
Eu perguntei onde fica
O zoológico daqui?

Respondeu: “não temos jaulas,
Nem gaiola na cidade
Porque nossos animais
Convivem com liberdade
Para nós é mais barato
Criá-lo fora da grade”.

Eu falei: “no meu planeta
Se um pássaro cantar bem
Vai morrer atrás das grades
Sem ter matado ninguém
E cantar pra seus algozes
A troca d’água e xerém.

O meu planeta Senhor
Do seu é bem diferente
No meu o pai vai ao shopping
Leva o filho inocente
Compra armas de brinquedo
E dá a ele de presente.

Já aqui nesse planeta
O agricultor tem nome
No planeta onde eu moro
Esse pobre passa fome
Lavra a terra, planta e colhe
E muitas vezes nem come.

Infeliz do jacaré
Que o homem mata pra comer
Além de comer sua carne
A sua pele é pra vender
Pra fazer sapato de couro
E não deixa o bicho viver.

As águas dos nossos mares
De suja muda de cor
Ele disse: “espere, pare!
Não fale mais por favor!
Mim diga somente o nome
Do planeta do Senhor...

Eu disse: “sou de um planeta
Que só vive em pé de guerra
São fabricadas doenças
Onde a justiça mais erra
Uma gaiola de loucos
Seu nome é planeta Terra”.

Os olhos daquele homem
Arregalou para a luz
E perguntou: “é verdade
Que lá fizeram uma cruz
Pra crucificar um santo
Conhecido por Jesus”?

Quis falar isso é verdade
Nós matamos nosso rei
Pra falar abri a boca
Faltou voz eu não falei
Quis correr não tive forças
Faltou fôlego, eu acordei.

Acordei para chorar
Debruçado em meu leito
Daquele dia pra cá
Nunca mais dormi direito
Na esperança de ver
Meu planeta desse jeito.

Poema da professora Lita Bezerra-Itatuba-PB





sábado, 4 de abril de 2015

O QUE É LEITURA...


l
Oh Deus todo poderoso,
Quão grande é tua feitura
Da-me tua inspiração
E nos enche de bravura
Pra que eu possa escrever
As benéfices da leitura.
II
Leitura é uma conversa
Com o texto e o autor
E ler pelas as entrelinhas
É ter pelos livros amor
Quem desperta este caminho
É o herói professor.
III
Leitura é ação de ler
É o mundo interpretar
É interação com os mundos
É conhecimentos ampliar
É brincar com as palavras
E proveitos dela tirar.
IV
A palavra escrita ganha
Sentido na mão do leitor
Que extrai significado
E a ela lhe dar rumor
É ele quem completa o texto
E dar a leitura valor.
V
O leitor deve ser crítico
E buscar discernimento
Familiarizar-se com textos
E ter dele entendimento
Pois os textos sociais
Traz muito conhecimento.
VI
No texto há diversas vozes
É preciso enxergar
Só o leitor apurado
Pode ler e encontrar
Estimular a imaginação
Faz o sujeito viajar.
VII
É um processo interativo
E não decodificação
É um processo cognitivo
Que esta sempre em construção
O bom leitor dar sentido
E acha significação.
VIII
É ela algo sublime
Na escola ou no lar
É atividade prazerosa
Faz o sujeito pensar
Aumenta seu imaginário
Pra seu mundo transformar. 
IX
Que sabe ler tem cultura
Tem um melhor pensamento
Vivência nem neste mundo
Sabe ter discernimento
A leitura é a melhor forma
De se ter conhecimento.
X
Paulo Freire nos ensina
A importância do ler
Primeiro se ler o mundo
Que tem muito a nos dizer
E depois que aprendemos
Passamos a ler e escrever.
XI
Por muito tempo ensinou-se
Leitura mecanizada
Onde o aluno aprendia
De maneira silabada
Sem ter significado
Sem relacionar com nada.
XII
Os textos curtos e pequenos
Descontextualizado
Desse que não tem sentido
Como “ Didi deu o dado”!
E a família silábica
Fica tudo decorado.
XIII
Este tipo de leitura
É bem superficial
Tolhe sim o pensamento
Priva o intelectual
É o caso de hoje termos
Analfabeto funcional.
XIV
Leitura mecanizada
É pobre e não te dá vida
O aluno é prejudicado
Sua mente é tolhida
Sua escolaridade
Ficará comprometida.
XV
Os manuais de aprendizagens
Devem ser apresentados
E os métodos das cartilhas
Devemos deixar de lado.
Vamos fazer da leitura
Algo bem valorizado.
XVI
Quem dificulta a leitura
Em fase de construção
É o método mecanizado
Com decodificação
O aluno até que aprende
Só não faz reflexão. 
XVII
Somente o livro didático
Não será suficiente
Outros gêneros literários
Vai ficar mais atraente
Revistas, gibis e cordéis
Faz o aluno abrir a mente.
XVIII
Quando a família é leitora
Isto logo influencia
Mas na casa que não tem
Leitura no dia a dia
As chances de aprender
Não se dar com alegria.
XIX
A leitura na escola
Num ambiente fechado
Não funciona pra o mundo
Não possui significado
E inconscientemente
O aluno deixa de lado.
XX
A leitura desviada
É leitura sem sentido
Atrofia e entrava
O mundo tem percebido
Empobrece a linguagem
E o ensino é perdido.
XXI
Na construção da leitura
Não se ler pra resumir
Não se força o aluno ler
Nem ler para discutir
A leitura é por prazer
Deixo aluno descobrir.
XXII
Leia textos atraentes
Se quiser formar leitor
Faça o aluno descobrir
E ter pelo livro amor
Nunca cobre do aluno
Seja dele condutor.
XXIII
Ensine leitura com textos
Do dia a dia, social
Que circula em seu meio
Isto vai lhe dar moral
Seus alunos vão gostar
Isto é um bom sinal.
XXIV
Entre os gêneros textuais
Parlendas, bula e quadrinhas
Poesia, trava-línguas
Lendas com historinhas
Receitas, contos e musicas
Encatam as criancinhas. 
XXV
Ler em voz alta estimula
Pois quem ouve também lê
Linguagens pronunciadas
O aluno vai perceber
E dela vai fazer uso
Pra no seu mundo viver.
XXVI
Mostre para seus alunos
Qual o valor da leitura
Sua função social
O bem que é pra cultura
Quem não faz dela bom uso
Tem mentalidade escura.
XXVII
O conhecimento prévio
Deve ser observado
Num mundo vasto de escritos
O aluno vive rodeado
O processo é espontâneo
Deve ser só provocado.
XXVIII
Ensine a ler com sentido
Use bem o letramento
Diversidades de textos
Molda bem o pensamento
A leitura desse jeito
Terá funcionamento. 
XXIX
Quanto mais cedo o aluno
Se envolver com a leitura
Variando seus discursos
A aprendizagem é segura
Com a mão do professor
Ele concebe a leitura.
XXX
Na sua sala de aula
Forme lá um bom cantinho
Espalhe livro por lá
Este é o melhor caminho
Deixe os alunos pegarem
E usá-los com carinho.
XXXI
Nosso objetivo é
Ver o aluno progredir
Lendo cada vez depressa
Os diversos textos e ir
Lendo com competência
E nunca mais desistir.
XXXII
Ensinar a ler não é fácil
É uma ação demorada
Não se dar com um estalo
É uma função delicada
Mas com nosso compromisso
Damos conta do serviço
E a missão e consumada.
Poema do professor poeta Pádua Gomes Gorrión