sexta-feira, 20 de maio de 2016

JOÃO MARTINS DE ATHAYDE : RELALHOS DE SUA HISTÓRIA

Neste momento sublime
Preciso de inspiração
Pra escrever estes versos
Que vai chamar atenção
Sei que as hostes celestes
Vão guiar a minha mão.

Vou falar de um poeta
Que cumpriu o seu papel
JOÃO MARTINS DE ATHAYDE
Que elevou  o cordel
No Brasil é conhecido
Foi doutor sem ter anel.

Um dos maiores poetas
Da cultura popular
Que nasceu em ITATUBA
E veio a se destacar
Na cidade de Recife
Foi o primeiro lugar.

1880
Ano de seu nascimento
Dia 23 de Junho
Veio ao mundo  um rebento
CACHOEIRA DE CEBOLAS
Deu ao mundo esse talento.

Belchior Martins de Lima
Era o pai deste poeta
Antônia Lima  Athayde
Sua mãe, mulher seleta
É no solo itatubense
Que João Martins se projeta.

Nunca frequentou escola
Aprendeu a ler sozinho
E assim ele começou
A trilhar o seu caminho
Escrevendo seus poemas
E vou feito passarinho.

Um dia Athayde ouviu
Um famoso cantador
Chamado de Pedra Azul
Num desafio com fervor
Tinha  ele oito anos
Já via a arte com amor.

Esse belo cantador
Famoso na Região
Inspirou o grande poeta
Trouxe a ele inspiração
E aos 12 de idade
Já escrevia pr’o sertão.

3
João Martins de Athayde
De mascate trabalhou
Atraído pela febre
Da borracha viajou
Foi parar na Amazônia
Onde ali se destacou.

Teve vinte cinco filhos
Com as caboclas de lá
Em cada taba indígena
Ele ia tomar chá
Fez esses filhos todinhos
E deixou aos deusdará.

Retornou ao seu Nordeste
Com uma seca danada
Sem comida e sem água
Ele caiu na estrada
E foi parar em Recife
Onde ali fez morada.

Fez curso de enfermagem
Estudou com rigidez
Trabalhou no hospital
Denominado Português
Não deixou de escrever
Porque tinha altivez.

Com doze anos de idade
Já escreveu um cordel
1908
Já exercia seu  papel
Pintando  uma história
Com alegria e pincel.

Foi O PRETO E O BRANCO
APURANDO QUALIDADE
Era o titulo do folheto
E ganhou notoriedade
TIPOGRAFIA MODERNA
Fez logo a publicidade.

A partir deste folheto
Começou mais escrever
Na cidade de Recife
Tinha a função de vender
Feiras e mercados livres
Tinha para o povo ver.

1909
Monta uma tipografia
Foi no Bairro São José
A arte desenvolvia
O poeta cresceu tanto
Que o Brasil lhe conhecia.

Sendo ele um grande poeta
Da primeira geração
Na Popular Editora
Nunca fez publicação.
Francisco Chagas Batista
Era desta seu  patrão.

O poeta foi responsável
Por grandes evoluções
Fez mudanças tão profundas:
Contratos de edições
Pagamentos e direitos
E muitas repercussões.

Até direitos autorais
Com a gráfica ele fazia
E cada poeta tinha
Da sua obra garantia
João criou esse suporte
E a arte só crescia.

E assim qualquer folheto
Que tinha a marca de João
Era sucesso garantido
Nas quebradas do sertão
Ele era referência
Poeta de profissão.

No ramo de folheteiro
Começou a prosperar
Dava oportunidade
A quem quisesse trabalhar
Na gráfica tinha emprego
Pra o cordel circular.

Deu emprego a poeta
A agente e folheteiro
E até distribuidores
Por todo Recife inteiro
O cordel ganhou mais vida
No Nordeste brasileiro.

João foi um desbravador
Da nossa bela cultura
Da indústria do cordel
Ele fez boa figura
Nas capitais nordestinas
Ele tinha cobertura.

Na industrialização
A atividade é lucrativa
Vendia a produção
Os artistas ele ativa
Para viver do cordel
Como uma alternativa.

João na década de 40
Com su’arte secular
Era o maior poeta
Da cultura popular
Conhecido no Nordeste
E só fazia brilhar.

Até Tristão de Athayde
Elogiou o poeta
Mário de Andrade disse:
“Sua inspiração é reta”
Escrevia com requintes
E mais  arte se projeta.

Leandro Gomes de Barros
Influenciou a João
A escrever seus poemas
Pois tinha inspiração
Aprendeu com o grande mestre
E só ganhou perfeição.

Com a morte de Leandro
João Martins adquiriu
Todo acervo do poeta
E dala usufruiu
Assinou diversas obras
Quanto  tudo possuiu.

A estima que João tinha
Leandro não lhe atendia
Por vezes foi destratado
Não havia harmonia
E até sobre essa intriga
O poeta escrevia.

Leandro reconhecia
O potencial de João
Sabia que este poeta
Era grande no sertão
Porém eles não tiveram
Uma aproximação.

Quando Leandro morreu
João ficou entristecido
Escreveu logo um poema
Pra o poeta falecido
Falando se sua morte
Do poeta destemido.

Foi a pranteada morte
De Leandro o poeta
João Martins muito lamenta
De forma muito discreta
Mostrando que sua morte
Também a ele afeta.

Foi por seiscentos mil reis
Que João tudo comprou
A viúva de Leandro
Tudo a ele passou
Direitos de edições
Que João depois publicou.

João também foi acusado
De outras obras assinar
Como sendo de Leandro
Qu’ele veio a publicar
Pois até alguns acrostico
Ele chegou a mudar.

Às vezes se identificava
Como grande editor
Por vezes foi confundido
Se era mesmo o autor
Mas  não lhe tirou o mérito
Deste poeta ‘doutor.’

Por duas décadas inteira
João Martins foi só progresso
Os clássicos da literatura
De cordel era sucesso
Foi ele quem escreveu
E deixou pra nós impresso.

Nas feiras sempre vendiam
Os folhetos de humor
As pelejas ou duelos
Pra o povo sofredor
Vendo que oitenta por cento
Encantava o comprador.

Foi aí que João Martins
Tendo real vocação
Para escrever duelos
Verbais com inspiração
Inclinou a sua pena
Pr’essa bela produção.

Usando suas personagens
Fictícias ou reais
Escreveu muitas pelejas
De maneira  magistrais
Que ainda hoje são lidas
E registrada nos anais.

Velho cansado de guerra
O poeta adoeceu
Sofrendo um acidente
Vasculhar que lhe abateu
O cérebro não reagiu
O poeta entendeu

Que era hora de para
De suas atividades
Isto ele ia fazer
Contra as suas vontades
Sabendo que desta arte
Teria muitas saudades.

1950
Vendeu a tipografia
E os direitos de edições
Por uma boa quantia
José Bernardo da Silva
Comprou com muita alegria.

De Recife a Juazeiro
Estado do Ceará
Foi levado todo acervo
E se desenvolveu por lá
Tornando-se o maior centro
Da cultura ‘populá’.

E assim nosso poeta
Em Limoeiro vai morar
Vivendo seus últimos dias
Somente de recordar
A arte perdeu com isso
Só podia lamentar.

João Martins de Athayde
Deixou pra nós um legado
Escreveu vários folhetos
Que ate hoje é lembrado
O Brasil o reconhece
Como um poeta afamado.

No dia 7 DE AGOSTO
59 o ano
Faleceu nosso poeta
Quis assim o soberano
Partiu pra eternidade
Foi viver em outro plano.

Mas este nobre poeta
Nunca será esquecido
Ganhou nome, ganhou fama
E ainda é aplaudido
Suas obras estão vivas
E eu tenho lhe defendido.

Itatuba terra fértil
Deu ao mundo este poeta
Temos sempre que lembrá-lo
Esta pessoa seleta
Por isso que esta cidade

É boa, bela e completa.