quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

ESTA NOITE EU MATO MINHA VONTADE DORMINDO COM A MULHER DO MEU DESEJO





Todo mundo nesta vida tem um sonho
E o desejo é qu’ele se realize;
Eu quero que o meu se concretize;
E o meu coração nele eu ponho.
De lutar por ele não me envergonho;
Que é dormir com a  mulher que eu almejo;
Pra uma noite de amor eu já planejo,
Pois eu amo esta mulher de verdade;
Esta noite eu mato minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

Esta noite vou te dar todo carinho;
Afagar o teu corpo por inteiro;
Aquecê-lo e deixá-lo um braseiro,
Pois o seu desejo eu adivinho.
Não quero mais viver aqui sozinho;
Será uma noite agradável, eu prevejo;
Já estou preparado pra o cortejo;
Só farei  as coisas que lhe agrade;
Esta noite eu mato minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

Cada dia tu estás mais atraente
E desperta de vez minha libido.
Entre nós não há nada proibido;
O teu sorriso te mostra resplandecente.
Vem a mim de maneira indecente,
Porque eu já tenho todo manejo;
A mais bela mulher, eu te elejo;
Hoje perco a minha virgindade;
Esta noite eu matei minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

A ansiedade é de ver tua nudez;
Ver o teu corpo nu e delirar;
Perder o medo e em cada parte tocar;
E perder essa minha timidez.
Tua vulva quero ver com nitidez;
Ao tocá-la, me encanto e versejo;
Admirando-a sequer eu pestanejo;
Abocanho com toda liberdade;
Esta noite eu matei minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

É lindo ver teu corpo respingar tesão,
Sussurrando nos teus altos gemidos.
Dizes coisas obscenas aos meus ouvidos
E abraça o meu corpo com emoção.
Sinto o pulsar do teu coração
E o teu lindo corpaço eu protejo;
O cheiro de teu sexo eu farejo;
E quando toco encontro umidade.
Esta noite eu matei minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

Foram horas e horas em devaneios,
Parecíamos dois loucos em nossa cama!
O desejo acendia nossa chama,
Foi aí que senti teus doces seios.
Com ternura e com mão flácida massageios;
Experiente tu entendes o traquejo;
O resultado do meu gozo em ti despejo;
Preenchendo toda tua cavidade.
Esta noite eu matei minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

A tua língua é quente feito um fogo,
Pois sinto meu corpo inteiro arder.
Tu me induzes cada vez mais te querer;
Com voracidade entro no teu jogo.
Nenhum de nós pensa em pedir rogo;
Teus grunhidos soam como realejo;
Teu prazer é semelhante arquejo,
E de suor todo teu corpo invade
Esta noite eu matei minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

Teu arfar me deixa hipnotizado;
As tuas nádegas tão belas onduladas;
Mais parece duas maçãs pareadas;
Que me deixa cada vez mais afobado.
Hipnotizante também é teu bailhado;
Os teus lábios carnudos, que gracejo!
Encanta-me salivados, quando vejo
E mordisco com muita suavidade.
Esta noite eu matei minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

Como és bela, volúpia em nosso leito;
O teu fogo aguçou pra um belo coito;
Ao teu lado com prazer até pernoito;
No calor de teus braços me deleito.
Ao teu jogo sedutivo me sujeito;
Tu me entendes,  minha ânsia e manejo;
Não perco um momento do ensejo;
Tu me tratas com muita leviandade;
Esta noite eu matei minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

Como posso esquecer o estreptease,
O pivô que aguçou meu apetite!
Tua nudez superou o meu limite
Tu dizias: “com meu corpo barbarize!
Hoje sou tua, com amor, me escravize!”
Preparei-me com emoção para o cortejo.
Aos teus carinhos, como serpente rastejo...
Tu caminhas na mesma vulgaridade.
Esta noite eu matei minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

É delirante ver o belo entre e sai;
A tua flor se esbanja e se despetala;
Toda aberta tu vem e acasala;
Nosso desejo com ternura se esvai.
De repente todo teu corpo contrai,
E eu sinto no teu corpo um molejo;
Meu suor banha teu corpo  com gotejo,
Em tua face um meigo sorriso invade.
Esta noite eu matei minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

Como foi contagiante o dúlcido gozo
Desta noite fantasiosa de amor!
Tu perdeste a decência e o pudor;
E te banhaste de um líquido viscoso.
Eu bebi o teu necta cavernoso;
Deu vontade de dormir e eu bocejo;
Tu me acordas com um sagaz sacolejo;
E me diz na maior naturalidade.
“Esta noite eu matei minha vontade
Dormindo co’a mulher do meu desejo.

Pádua Gomes Gorríon
Itatuba-PB

30/12/15

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

QUEM É SALVO E TEM CERTEZA DIGA AMÉM POR GRATIDÃO

I
Vivi no mundo perdido
Sem destino e sem caminho
E caminhando sozinho
Ninguém via meu gemido
Com meu  coração ferido
Alcancei o seu perdão
Ele puxou-me pela mão
E mostrou sua beleza
Quem é salvo e tem certeza
Diga amém por gratidão.
II
Jesus morreu numa cruz
Pra perdoar meu pecado
Hoje dele sou amado
Em sua presença me pus
Tenho agora sua luz
Ele me deu salvação
Livrou-me da escravidão
E eu não tive despesa
Quem é salvo e tem certeza
Diga amém por gratidão.
III
Eu ouvi Jesus chamando:
“Filho amado, vinde a mim!
Não é bom viver assim
No mundo perambulando;
Eu estou te contemplando
E hoje te dou perdão
E de brinde a salvação
Vem sentar em minha mesa”
Quem é salvo e tem certeza
Diga amém por gratidão.
IV
A Bíblia diz: tenha fé
E serás justificado
Teu pecado é apagado
Veja o exemplo de Noé
Diz Jesus de Nazaré:
De ti tenho compaixão
Te cubro com minha unção
Dou a tu’alma pureza
Quem é salvo e tem certeza
Diga amém por gratidão.
V
Eu estava condenado
 A morte e ao inferno
Sofrer o castigo eterno
Ao lado do ‘cão’ malvado
Era muito meu pecado
Não tinha mais solução,
Mas Jesus me deu a mão
Com um gesto nobreza
Quem é salvo e tem certeza
Diga amém por gratidão.

Mote: Silvano Lyra
Glosa:El Gorrión




terça-feira, 22 de dezembro de 2015

ME DIZ CORAÇÃO INGRATO QUAL FOI O MAL QUE TE FIZ?


Por ela sou maltratado
 E sofro a todo momento
Preciso de seu alento
 E dela ser seu amado
Mas hoje estou desprezado
Sofro feito um infeliz
Carrego uma cicatriz
E sofro um grande maltrato
Me diz coração ingrato
Qual foi o mal que te fiz.

Eu fui mal compreendido
Quando a gente conversava
Você me idealizava
E houve um mal-entendido
Agora me sinto perdido
De mestre sou aprendiz
Sem teu corpo de atriz
Minha vida é um hiato
Me diz coração ingrato
Qual foi o mal que te fiz.

Dependo do seu carinho
Pra poder sobreviver
Levo a vida em beber
Já me perdi no caminho
É triste viver sozinho
Sem seus abraços sutis
Meu amor, eu peço bis
Quero ainda ser  seu gato
Me diz coração ingrato
Qual foi o mal que te fiz.

Teu desprezo m’enlouquece
Tu finges,não me responde
Quando me vir se esconde
E zombas da minha prece
 A minha alma padece
Sou um solitário infeliz
Pareço uma perdiz
Preso na unha dum gato
Me diz coração ingrato
Qual foi o mal que te fiz.

Deixe d’esse seu orgulho
Eu libero meu perdão
Pra que essa ingratidão
Não precisa de barulho
Meu amor não é bagulho
Sonho ainda em ser feliz
E de te levar a matriz
E selar nosso contrato
Me diz coração ingrato
Qual foi o mal que te fiz.

Mote de Galego Aboiador
Glosas de Pádua Gomes Gorrión
Itatuba-PB






quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A CICATRIZ DO AMOR


Já contei muitas histórias
De alegria e de dor.
Falei de adversidade,
De tristeza, de terror,
Mas agora vou falar
De um ato de amor.
               
Neste momento sublime,
Peço a Deus inspiração,
Qu’ele possa me ajudar
Pra descrever uma ação
Que um certo filho fez
Nas quebradas do sertão.

Eu um lugar do sertão
Residia um menino
Com uma enorme cicatriz
Que marcou o seu destino.
Chamava à atenção de todos
Mas trazia um bom ensino.

Ele era conhecido
Como Mané de Vicente.
Era um menino alegre
Sempre estava sorridente
E quem precisava dele
Ali estava contente.

Na face de Mané tinha
Uma cicatriz danada
Era grande e muito feia
Que a deixava deformada
Quem olhava para ele
Via a pele queimada.

Os colegas do colégio
Começaram lhe olhar,
Mas c’um olhar diferente
Querendo lhe desprezar
Não sentava perto dele
Pra não se comunicar.

Colegas de sua sala
Procuraram a direção
Pra expulsá-lo da escola
Sem nenhuma explicação,
Porém o diretor falou:
Posso fazer isso não!

Mas ali foi decidido
El’era o último a entrar
E o primeiro a sair
Pra ninguém lhe contemplar,
Ninguém via o rosto dele
Só quisesse olhar.

Como Mané era humilde
Aceitou a imposição
Mas falou ao diretor:
Tenho uma condição!
Vou à frente contar tudo
E acabo co’essa pressão.

Todos ali concordaram
E ele com toda firmeza
Foi à frente dos colegas
Com um olhar de tristeza
Contar o que aconteceu
Pra tanta indelicadeza.

Vocês têm toda razão,
A cicatriz é muito feia!
Também fico preocupado
Porque ela me enfeia.
Eu tenho sofrido mais
Que bandido na cadeia.

Minha mãe era tão pobre
E tinha que trabalhar
Pra que tivesse comida
Tinha que lavar e passar.
Eu cuidei de meus irmãos
Para não atrapalhar.

Eu tinha então oito anos,
Não sei como aconteceu
Minha casinha de taipa
Em fogo se acendeu
Com meus irmãozinhos dentro,
Meu coração se moveu.

Nesse momento na turma
Era um silêncio danado.
Mané narrando os fatos
E o diretor de lado;
Todos estavam atentos
E Mané admirado.

– Além de mim havia ali
Três irmãozinhos sofridos
Quando a casa pegou fogo
Foram grandes  alaridos.
Minha mãe entrou nas chamas
Pelos seus filhos queridos.

–Minha mãe entrou nas chamas
E seu filhinho salvou
Ele tinha só dois anos
E no seu colo o colocou
E entrou em desespero,
Pois outro ali deixou.

–Eu entrei no outro quarto,
Peguei logo outro irmão,
E minha mãe com carinho
Segurava em minha mão,
Trouxe-nos rápido pra fora
Foi grande a aflição.

–Minha mãe desesperada;
O fogo mais aumentava;
O fumaceiro cobria.
A chama só aumentava,
Mas minha irmãzinha nova
Dentro da casa estava.

–Mamãe me sentou no chão
Distante um pouco da casa
Olhando meus irmãozinhos
E a casa virando brasa
E ela com rapidez
Volta logo e não se atrasa.

–Ela tentou entrar na casa,
Mas não podia entrar.
As chamas estavam altas
E gente a atrapalhar.
Foi daí que eu corri
Para minha irmã salvar.

–A vizinhança  impedia
Dela salvar minha irmã
Podia morrer as duas
Falava uma anciã
Ela chorando e gritando
Como uma pessoa vã.

–Minha filhinha querida
Entre as chamas estar!
Irei salvar sua vida
E tudo bem vai ficar,
Não a deixarei  morrer
Sua vida vou salvar.

– Vendo ela muito aflita
Peguei meu irmão mais novo,
Pus no colo do mais velho
E escondi entre o povo
Entrei dentro da casinha
Pois sou fraco e me comovo.

– Fui direto onde estava
Minha irmãzinha querida
Enrolada num lençol
Querendo paz e guarida,
Gritava e chorava muito
Valorizando a vida.

– Corri pra lhe proteger
Quando vi que ali caia
Algo que lhe machucava
E sua vida tiraria
Joguei-me em cima dela
E sua vida salvaria.

–A coisa que caia quente
No meu rosto encostou
Por mais que eu fosse rápido
O fogo a mim queimou
Salvei minha irmãzinha
Mas a cicatriz ficou.

Nesse momento na classe
Houve um silêncio danado
Quem o humilhou ali
Estava envergonhado
Todos ficaram surpresos
Pelo fato bem narrado.

Mané falou pra os colegas:
– Essa cicatriz e feia
Ela não me incomoda
Nem o desprezo chateia
A minha irmã  acha bela
E  minha face afagueia.

– Vocês podem recusar-me
Mas minha família não!
Ela é marca de amor
E de uma boa ação.
Minha irmã a valoriza
E a beija com emoção.

Muitos alunos choraram
Sem saber o que dizer
Trataram com preconceito
E não podiam desfazer
Ficaram envergonhados
Querendo se esconder.

Quando Mané terminou
Sentou-se atrás novamente,
Pois era um menino humilde
Pobrezinho e carente,
Mas no ato de amor
Fazia inveja à gente.

Falando em cicatrizes,
Em ferida e em amor,
Lembrei-me de Jesus Cristo
Que me deu real  valor.
Suas mãos foram feridas
Resgatando muitas vidas
Por isso é Nosso Senhor.

© Pádua Gomes Gorrión
Poeta de Itatuba-PB
10/2015