quinta-feira, 12 de junho de 2025

NOSSO SÃO JOÃO NORDESTINO


São João do meu Nordeste

Com alegria tão brilhante,

Nas bandeiras coloridas

O céu parece um gigante,

Se enche de luz e magia

Num arrasta-pé vibrante.

 

Nas ruas, tudo é festejo,

Tem balão e tem balé,

Festa até o sol raiar

No calor do xote e do pé,

O sanfoneiro se empolga

E o povo dança com fé.

 

Tem milho, canjica e bolo,

Tem rojão cortando o ar,

Tem fogueira queimando alto

Pra espantar o mal-olhar,

E as chamas dançam alegres

No terreiro a crepitar.

 

O forró manda o recado

Na zabumba e no triângulo,

As moças giram rodando

No vestido bem exângulo,

E o salão vira um mar

De alegria em cada ângulo.

 

O céu brilhante em mil cores

Com foguetes a explodir,

É vermelho, verde e amarelo

Aos montes a reluzir,

E a população encantada

Corre, pula, sem cair.

 

São João é chama acesa,

É saudade e tradição,

É o cheiro bom do sertão

Misturado à emoção,

Nosso povo nunca esquece

A força dessa paixão.

 

Tem bandeirinha no vento,

Colorindo o arraial,

O céu fica todo enfeitado

Com um toque especial,

E até o luar parece

Mais bonito no local.

 

A sanfona chora alto

Feito um canto de sertão,

O povo pisa macio

Na poeira e no chão,

E o forró vai até tarde

Com calor no coração.

 

As quadrilhas organizadas

Desfilam com precisão,

Tem casamento matuto

E bastante animação,

Com noivo bobo e o padre

Fazendo a encenação.

 

A fogueira queima forte

Com seu som de estalo e brasa,

As famílias se reúnem

No terreiro e na varanda,

É tempo de união

E de paz que nunca atrasa.

 

Tem o cheiro bom do milho

Invade toda a cidade,

Tem pamonha e tem cuscuz

Feito com simplicidade,

E na mesa é só fartura

Com gosto e variedade.

 

Tem baião, xaxado e xote

Nos passos do povo arretado,

E cada par se balança

No compasso bem marcado,

E o coração acelera

Com um sorriso estampado.

 

As roupas são de retalhos,

Mas cheias de esplendor,

As moças com suas  tranças

E os chapéus têm seu valor,

O colorido se espalha

Como bênção do Senhor.

 

Tem gente vinda de longe

Só pra ver a tradição,

Pra dançar no chão de barro

Com o pé descalço no chão,

Para  viver por uns dias

O encanto do São João.

 

Cada santo é celebrado

Com fervor e devoção,

São Pedro e Santo Antônio

Também têm o seu quinhão,

Mas o brilho bem  maior

É de São João, a tradição.

 

Na janela, luz acesa,

Na calçada, animação,

Tem trio tocando ao vivo

Com zabumba e violão,

E ninguém fica parado

Nesse clima de paixão.

 

As crianças soltam traque

E correm pelo terreiro,

Os mais velhos contam causos

Ao redor do candeeiro,

E a noite se eterniza

No sorriso verdadeiro.

 

As estrelas lá no céu

Brilham como fogaréu,

E enquanto aqui na terra

Tem amor no carrossel,

E o sertão vira poesia

No compasso do cordel.

 

Tem pescaria e correio,

Correio do coração,

Pra mandar um bilhetinho

Cheio de declaração,

E o amor floresce fácil

No meio da multidão.

 

Tem matuto e tem doutor

Pulando na mesma linha,

Ninguém liga pra dinheiro

Só quer ver a fogueirinha

Porque o São João do povo

É festa pra galerinha.

 

Ninguém ver o tempo  parar

No batuque do forró,

Com sanfoneiro sorrindo

E suor escorrendo só,

Que alegria tão bonita

Que nem precisa de pó.

 

Os foguetões sobem alto

Feito um  sonho no ar,

Estouram com força e luz

Para todo mundo olhar,

E o céu vira um desenho

Que ninguém quer apagar.

 

Se é no campo ou na cidade,

O festejo é verdadeiro,

Não importa onde se esteja

Tem quadrilha e sanfoneiro,

Pois o Nordeste da gente

A festa é em junho inteiro.

 

E assim termina o cordel

Do São João encantador,

Que celebra nossas cores

Com carinho e muito amor,

Deixando viva a memória

Do Nordeste sonhador.

 

Gorrión da Rabeca

Itatuba-PB