sexta-feira, 7 de março de 2014

LUIZ GONZAGA,O REI DO BAIÃO



Deus fez o mundo perfeito.
Quão bela  é sua criação,
Seja na terra ou no céu
Lá está a sua mão,
Pra mostrar o seu poder
E a sua inspiração.

E é desta inspiração
Que peço a Deus que me traga,
Pra que eu fale de um rei
Que o nordeste propaga.
Consagrou- se com o baião
Nosso rei Luiz Gonzaga.

Luiz Gonzaga nasceu
No solo Pernambucano.
Na cidade de Exu
Por ordem do soberano,
No dia 13 de dezembro
De 12 foi este ano.

Luiz Gonzaga era filho
De Januário sanfoneiro.
Sua mãe dona Santana
Devota do Juazeiro.
Gonzaga criou-se crendo
No nosso pai verdadeiro.

Nasceu em uma fazenda
Ouvindo seu pai tocar.
Admirava a sanfona
Vendo seu pai consertar
Ele também o ajudava
As sanfonas afinar

Foram as músicas nordestinas
Que lhe chamou à atenção.
Tocava em feiras e bares:
Xotes, forró e canção.
Gonzaga interessou- se,
Deus lhe deu inspiração.

Foi com o velho Januário
Que Lula aprendeu tocar.
Trabalhando em sua roça
E a noite ia dedilhar;
Tocava em feiras e bares
Começou se destacar

Em mil novecentos e
Trinta  era sanfoneiro.
Fugiu da casa do pai
Sem deixar um paradeiro.
Foi parar em Fortaleza
No Exército brasileiro.

No exército brasileiro
Por muitos estados passou,
Quando estava em horas vagas
Sua sanfona tocou
E nos estados do Nordeste
Gonzaga se apresentou.

Seguindo pra Juiz de Fora
Pra aquele estado Mineiro,
Conheceu  Dominguinhos
Ambrósio, um companheiro,
Foi com quem estudou música
E aprendeu do sanfoneiro.

Transferido ele foi
Pra cidade de Ouro Fino.
Apresentou- se num clube,
Gonzaga não bateu pino
E assim crescia a fama
Deste eterno nordestino.

Em mil novecentos e
Trinta e nove viajou
Para o Estado de São Paulo
Uma sanfona comprou.
Logo depois foi ao Rio
E o exército  abandonou.

Passou a apresentar- se
Com sua vida de artista
Pelos bares carioca do
Mangue com o guitarrista
Que era Xavier Pinheiro
Português bom e solista.

Tocava boleros, valsas,
Tangos, foxes e fados.
A guitarra e a sanfona
Bom duelo foi criado.
Gonzaga e Xavier Pinheiro
Dois músicos bem preparados.

Atuava em cabarés
Da Lapa e nas festinhas,
Além de tocar nas ruas
Pra rapazes e mocinhas,
Passava o pires pra colher
As notas e as moedinhas.

Em programas de calouros
Começou participar.
Com um repertório estrangeiro e
Não consegue  emplacar,
Mesmo assim Luiz Gonzaga
Nunca deixou de tentar.

No programa de calouro
Que apresentava Ari Barroso
Na Rádio Nacional,
Gonzaga tocou gostoso.
Cantou o chamego Vira e mexe
Foi um sucesso estrondoso.

Em vários programas de rádio
Gonzaga se apresentou.
No ano quarenta e um
Genésio Arruda o acompanhou
Em uma gravação na Victor
Como solista tocou.

Depois desta gravação
Nosso herói foi convidado
Pra gravar como solista
Viu o sonho realizado
E com música instrumental
Luiz deu conta do recado.

Foram dois 78
RPM que lançou
Pela gravadora Victor
Esta o patrocinou.
O sucesso de Gonzaga
Pelo Brasil estrondou.

Gravou umas cinquentas músicas:
Mazurca,Véspera de São João,
As valsas numa serenata
Que compôs com emoção.
Saudade de São João Del Rei
Vira e mexe,só baião.

Ainda em quarenta um,
Gonzaga foi contratado
Pela Rádio Clube do
Brasil e foi de bom grado,
Apresentando- se num
Programa organizado.

Foi em um destes programas
Que houve substituição,
No lugar de Antenógenes
Silva, ficou Gonzagão
O nome deste programa
Era  Alma do Sertão.

Depois pra Rádio Tamoio
Luiz Gonzaga marchou.
Gravou como sanfoneiro
Na Victor que lhe apoio,
Sendo ele nordestino
O preconceito acabou.

No ano quarenta e três,
A Rádio Nacional
Só era divulgadora
De ritmo regional
Em obediência à política
De união cultural.

Foi lá que o velho Lula
Encontrou Pedro Raimundo,
Sanfoneiro cujo traje,
De gaúcho lá no fundo
Que Lula teve a ideia
De ser visto pelo mundo.

Daquele dia em diante
Ele muda seu destino
Recebeu inspiração
Do seu criador divino,
Pra vestir- se com os trajes
Do vaqueiro nordestino.

Nesse tempo Gonzagão
Já era bem conhecido,
Que até Paulo Gracindo
Coloca nele um apelido,
Chamando ele de Lua
Que o deixou agradecido.

Antes disso conheceu
O seu primeiro parceiro
Chamava-se Miguel Lima
E tornou- se um companheiro.
Botou letra em Vira e Mexe.
Um compositor sanfoneiro.

Esta música foi gravada;
Carmem Costa faz sucesso
Luiz Gonzaga se via
Agora em grande progresso
E nos melhores programas
Nosso rei tinha acesso.

Mas foi em quarenta e cinco
Que gravou com o cantor.
Victor era a gravadora
Deu vez ao compositor
E Lula não fazia feio,
Pois tocava com amor.

Dança dança Mariquinha,
Sua mazurca preferida
Que compôs com Miguel Lima
E a sanfona lhe deu vida.
Dezessete e setecentos
Tinha letra divertida.

No mesmo ano lançou
A música Peneirô  xerém
Com o seu velho parceiro
Que compunha muito bem.
Mazurca cortando pano
Sua nota era cem.

Neste ano em Agosto
Gonzaga em ascensão,
Encontra Humberto Teixeira
Craque na composição
E é este cearense
Quem estabelece o baião.

Tornaram-se bons  parceiros.
A música ganhou  roupagem
Com uma temática diferente,
Com ritmo e também linguagem
Que rendeu- lhe mais sucesso
Melhorando sua imagem.

Em mil novecentos e
Quarenta e seis ele lança
A música No Meu Pé de Serra,
O baião era a esperança
E depois vem Asa Branca
Com toda força e pujança.

Ainda em quarenta e cinco
Luiz Gonzaga assumiu
O filho da dançarina
Uma cantora que assistiu.
Odaléia era seu nome,
Que cuidar dele cumpriu.

Gonzaga pôs o seu nome
No filho da dançarina
De Luiz Gonzaga Júnior
E não recebeu propina,
Chamava- se Gonzaguinha
E tinha inspiração divina.

No ano quarenta e oito
Ele gravou  Juazeiro
E com Helena das Neves
Casou- se o corneteiro
Nesse tempo Gonzagão
Encantava no Brasil inteiro.

Por volta dos anos 50
Lançou uma composição:
Mangaratiba , Paraíba,
Baião de Dois, com ação,
Em parceria com Humberto
Teixeira, o seu irmão.

Humberto Teixeira foi
Deputado Federal.
Deixou o velho Luiz
Pra seguir seu ideal.
Entra em cena  Zé Dantas
Compositor sem igual.

Daí por diante as músicas
Foram mais politizadas,
Denunciando o abandono
Com letras bem trabalhadas,
Focalizando o Nordeste
As regiões desprezadas.

Nesse tempo eles lançaram
A música Cintura Fina,
A Volta da Asa Branca,
Bela canção nordestina,
Luiz Gonzaga e Zé Dantas
Tinham  inspiração divina.

No ano cinquenta e três
Na Rádio Nacional
Participou do programa
Cujo nome principal
Era No mundo do baião,
Um ritmo bem atual.

Ao lado do Paulo Roberto
E Zé Dantas seu parceiro
O baião chegava ao auge
E Gonzaga, o sanfoneiro,
O título de Rei do Baião
Ele recebeu ligeiro.

No ano cinquenta e quatro
O baião vem  a cair.
Surge então a Bossa Nova,
Gonzaga tende a sumir,
Esqueceram-se do baião
E o pior estava por vir.

Do mundo artístico afastado
Marcha pra o interior
Onde era popular
A sanfona e o cantor.
Assim fazia seus shows
Pra um povo sofredor.

No ano sessenta e dois
Foi Zé Dantas quem morreu.
Gonzaga buscou parceiro
João Silva lhe socorreu,
Hervé Cordovil também
 Sua contribuição o deu.

As músicas do nosso rei
Em gravações foram incluídas
Por Caetano Veloso,
Gilberto Gil davam vidas.
Gonzaga e suas canções
Nunca foram esquecidas.

No ano setenta e dois
Fez show no Rio de Janeiro.
Luiz Gonzaga pra curtir
Estava lá o sanfoneiro
Que neste tempo já era
Um grande cancioneiro.

Mas foi em setenta e sete
Num show comemorativo,
Trinta anos de baião,
Gonzaga viu positivo,
No Teatro Municipal
O show foi muito atrativo.

Particparam também
Desta grande homenagem:
Carmélia Alves e Humberto
Teixeira fez a montagem,
Hervé Cordovil e outros
Embarcaram na viagem.

Lançou em setenta e nove
Com o selo RCA
O LP Eu e Meu Pai
Para homenagear.
Januário, o  inesquecível
Um músico espetacular.

Sua carreira toma impulso
Início dos anos oitenta.
Graças a Gilberto Gil
O baião de novo esquenta.
Caetano também canta
De novo Gonzaga arrebenta.

Gonzaga em oitenta e um
Firmou uma parceria
Com seu filho Gonzaguinha
Que lhe deu muita alegria
Divulgando um LP
E o seu sucesso crescia.

A vida de viajante
Foi este o LP.
Fizeram a divulgação
Em uma grande turnê
E retomou sua carreira
Quem não viu queria ver.

O sucesso foi gigante.
O Brasil deu atenção.
Ele ganhou o apelido
Que era de Gonzagão,
Tocando em sua sanfona
Forró, xote e Baião.

Foi no LP, A festa
Que lançou no mesmo ano
A música Luar do Sertão.
Cantou o pernambucano.
Foi com Milton Nascimento
Um amigo veterano.

No ano de oitenta e dois
Lá no teatro Babino
Em París tocou Gonzaga
O seu ritmo nordestino
Onde era convidado
Não fugia do destino.

O primeiro disco de ouro
Em oitenta e quatro chegou
Danado de bom, o título
Que também lhe consagrou.
Em parceria com João Silva
Que muito lhe ajudou.

Em oitenta e quatro ainda
Recebeu o prêmio Shell
Pelo reconhecimento
De ter cumprido o papel.
O nordeste se orgulhava
Deste grande menestrel.

Pra París ele retorna
E faz show de encerramento
No ano oitenta e seis
Aproveitando o momento,
De um festival brasileiro
Cantou sem ressentimento.

Afastado das TVs
E rádio ele decidiu
Fazer show no interior
Onde o povo lhe aplaudiu,
Tocava em feiras,cinemas,
Circo, fábrica e não caiu.

Gonzaga se preocupava
Com o povo nordestino.
Fez show beneficente,
Tinha um coração divino
Pra ajudar seus irmãos
O sertanejo peregrino.

Luiz Gonzaga é um símbolo,
É um orgulho do nordeste.
Cantou coisas do Sertão,
Do Pajeú, do Agreste.
Cantou amores e dores,
Este herói cabra da peste.

Asa Branca, Assum Preto,
Pau de arara e baião,
Dona Vera tricotando
E o Luar do Sertão,
A volta da Asa Branca
São músicas do Gonzagão.

Gonzaga se orgulhava
De ser mais um nordestino.
De ter vencido na vida
Com seu sonho de menino.
Não perdeu as esperanças,
Viu se cumprir seu destino.

O tempo foi consumindo
Suas forças acabando.
O seu corpo envelhecendo
Sua mente foi cansando.
Lula abandona a carreira
E fica em casa descansando.

No dia dois de Agosto
Oitenta e nove o ano,
Na cidade de Recife
Por ordem do soberano
Morreu o velho Gonzaga
Esse herói pernambucano.

Quando saiu a notícia
Que o nosso rei morreu,
O nordeste, o Brasil,
Todo mundo entristeceu.
O Exu ficou de luto
Por um filho que era seu.

O Brasil sente saudades
Do cantor, do instrumentista,
Do homem, do compositor,
Do guerreiro, do artista,
Conhecido em todo mundo
Ponho em primeiro na  lista.

Gonzaga foi recolhido,
O céu foi iluminado,
Nordestino destemido
Zeloso, foi consagrado.
Atingiu o objetivo
Ganhou fama e está vivo.
Analisando o dedilhado.


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