quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A VISITA DE JOÃO MANJOLO AO CABARÉ




Caros amigos leitores
Quero me apresentar
Me chamo  Karlos Mossim
Sou poeta popular
E um fato interessante
Eu a vocês vou narrar.

Essa historia é de um homem
Que já vivia cansado
De tanto pelar o frango
Pois nunca tinha casado
Rodou o nordeste inteiro
Já vivia entediado

Chamava-se João Manjolo
Que só vivia a chorar
Por nunca ter encontrado 
Com quem pudesse casar
Devido ser bem dotado
Ninguém queria arriscar

Certo dia foi João
Visitar  um cabaré
La chegando admirou-se
Quando viu tanta mulher
João ficou abestalhado
Com uma tal de Esther.

Quando João avistou ela
Pensou logo:- Vou deitar
Com essa bela mulher
Ela é quem vai pagar,
Hoje só saio daqui
Depois que eu ‘furunfar.’

João dirigiu-se a ela
Chamou-lhe de meu amor:
-Quero deitar com você
Vamos logo, por favor,
Esther respondeu a João:
-Este é o meu labor.

Esther era uma morena
Da cintura de pilão ,
Os seios bem caprichados
A mulher era um tesão,
Sua pele acetinada
Causava descontração.

Assim saíram do dance,
Esther abraçando João
Quando chegaram no quarto,
Foi grande a decepção,
Esther quando viu aquilo
Correu nua pra o salão

O dono do cabaré
Falou-lhe com mansidão:
-Me diga o que aconteceu,
Entre você e João ,
Esther assim respondeu:
-eu morro e não falo não;

E o dono do cabaré
Tornou a ela indagar,
-Se você não me disser,
Eu vou a João perguntar,
Ela disse:- Tenha calma
Pois agora vou falar

Aquilo lá não é homem,
Que sujeito mais nojento
A coisa daquele cabra
É maior que a do jumento,
Se for pra ficar com ele
É melhor ir pra o convento.

João saiu do quarto mal,
Com a cara da tristeza
Pediu logo uma cachaça
E sentou-se em uma mesa
E pensou consigo mesmo
Essa vida  é uma dureza.

Ficou ali cabisbaixo
Sem se quer observar
Que em outra mesa tinha
Um alguém a lhe olhar
Chegou a João, foi dizendo:
- E ai vamos transar?

João falou assim pra ela:
-Me preste bem atenção
Porque não sou militar
Para gostar de canhão,
Saia de perto de mim
Vai importunar o cão.

-O que faz essa mulher
Sentada nesse lugar?
Não vim aqui comer merda
Estou querendo manjar
Mas pelo o que estou vendo,
Não tem com quem me arrumar

 Eu vou falar ao leitor
Os traços da amarela
Tinha as pernas de alicate
Os beiços igual gamela
Seu perfume de gambá
Sua boca era banguela

João ficou no cabaré
Tomando ali seu pifão
Meia noite mais ou menos
Ela falou para João,
Quer saber qual o meu nome?
É Maria do beição.

João falou:- meu pai do céu
Isso é La nome de gente.
Será que isso é verdade
Ou será a aguardente
Encontrar uma coisa dessas
Não há cristão que aguente .

E João continuou,
Tomar sua carraspana
Misturou cerveja, uísque,
Vodca, Martini e cana,
Ele achou que a mulher
Parecia uma iguana

João falou para mulher:
-Você pode se danar,
Vai procurar quem te mate
Quem te come ta no ar
Sem saber que com Maria
Ele ia se deitar.

Já depois de meia noite
João cheio de cachaça
Falou assim pra Maria:
-vamos furar a cabaça!
Maria falou: --Vou sim,
E começou a desgraça.

Entraram os dois pra o quarto
Era uma animação,
Quando ele ficou nu,
Maria disse:- Essa não
A minhoca desta peste
Vai furar meu coração.

Mesmo assim pensou Maria,
Não tenho como correr
Se eu disser que não quero
Ele pode me bater
-Valei-me São Benedito
Venha aqui me socorrer,

Mesmo assim ela deitou-se
E disse:- chega João
Estou querendo você
Deitado nesse colchão,
Porque um homem tão lindo
Não se joga fora não.

João olhou para ela
 E disse:- Santa Expedita !
Me ajude São José
Que dou-lhe um laço de fita,
Como foi que inventei
De deitar com essa maldita?

João deu uma carreira
E saltou logo um  balcão
Quebrou um monte de copos
E chegou nu no salão
O povo ao vê aquilo,
Gritaram:- Eita bichão!

Correram todos pra fora
Era grande o alvoroço,
Teve uma quenga que disse:
-Deus me livre desse moço
Quem cair nas garras dele
Come carne de pescoço.

Nisso o dono retornou,
Dizendo:- vou te falar
Esse João veio aqui,
Só pensando em bagunçar
Hoje, pelo que estou vendo
Ele vai fechar meu bar,

 João correu para fora
Nu do jeito que nasceu
Um militar viu aquilo
E atrás dele correu
E quem algemou João
Foi o sargento Romeu,

Por atentado ao pudor
João foi parar na prisão
Passou quinze dias lá
A mercê de água e pão
João dizia consigo:
-meu Deus que situação

João falava assim
Eu digo sem ter mister
Enquanto vivo eu for
Não penso mais em mulher
Cabaré Deus me defenda
É  coisa de Lúcifer.

Tudo isso que narrei
De fato veio passar
Com um infeliz rapaz
Que não tinha quem amar
Não pensem que é mentira
E nem queira duvidar.

Morri de pena de João
Olhando seu padecer
Sendo ele ainda donzelo
Sempre queria viver
Infelizmente morreu
Mas sem mulher conhecer.

Carlos Mossim

Nenhum comentário: