quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Decimas


A solidão do vaqueiro

O vaqueiro nordestino
Tem seu devido valor
Trata o gado com amor
Por ser este seu destino
Ele sofre, eu imagino
Correndo no tabuleiro
Atrás de boi mandingueiro
Comendo fora de hora
Quem tem sentimento chora
A solidão do vaqueiro.

O vaqueiro solitário
Também sofre de paixão
Na pista da ilusão
Gasta todo seu salário
Solidão é seu calvário
Nesta vida solteiro
Sendo ele bom cavalheiro
Na tristeza ele se ancora
Quem tem sentimento chora
A solidão do vaqueiro.

Chapéu de couro e gibão
Seu cavalo e sua sela
Na cabeça uma donzela
Que alegra seu coração
Em festa de apartação
Ele é quem chega primeiro
Na sombra de um Juazeiro
Ele descansa e demora
Quem tem sentimento chora
A solidão do vaqueiro.

O vaqueiro acorda cedo
Solta no ar seu aboio
Busca no mourão apoio
Para seguir seu enredo
Debaixo de um arvoredo
Da um grito costumeiro
Chamando o gado leiteiro
Que sai da mata pra fora
Quem tem sentimento chora
A solidão do vaqueiro.

Vaqueiro tem coração
E tem direito de amar
E quando sai pra farrar
Tem a melhor diversão
Ama a filha do patrão
E sonha ser fazendeiro
Conquistar muito dinheiro
Rouba a moça e vai embora
Quem tem sentimento chora
A solidão do vaqueiro.

Este símbolo do Nordeste
Merece todo respeito
Porque tem grande conceito
Quando exibe a sua veste
De virtude se reveste
Possui fama de guerreiro
Com todo porte faceiro
Em vaquejada namora
Quem tem sentimento chora
A solidão do vaqueiro.

Vamos se acordar,Brasil!

Pra se fazer um país
Disse Monteiro Lobato:
É o livro um aparato
Pra dá nova diretriz
Sara qualquer cicatriz
Da porte de fidalguia
Liberta e assina alforria
Conquistando outro perfil 
Vou acordar o Brasil
Com leitura e poesia.

No mar da literatura
Você deve mergulhar
Nessas águas se banhar
E se aposse da cultura
Viaje nessa aventura
Cheia de encanto e magia
E para sua alegria
Abandone este covil
Vou acordar o Brasil
Com cultura e poesia.

Comece lendo cordel
Escutando cantador
Ao vaqueiro dê valor
Repentista menestrel
Toda arte de pincel
Veja que tem serventia
Tratando-os com euforia
Com todos,seja gentil
 Vou acordar o Brasil
Com cultura e poesia.

Vejo lixo cultural
Invadir televisão
Mas não tem inspiração
Mostra o corpo sensual
Mas o povo acha normal
Música com letra vazia
E assiste com alegria
Todo conteúdo hostil
 Vou acordar o Brasil
Com cultura e poesia.

Mas cadê Luis Gonzaga
Nosso Jackson do Pandeiro
E o aboio do vaqueiro
Aqui ninguém mais propaga
Dominguinhos se naufraga
Nas águas da empatia
A tradição se atrofia
Neste ambiente imbecil
Vou acordar o Brasil
Com cultura e poesia.

Eu convoco a juventude
Pra um caminho de mudança
Pois ainda há esperança
Basta ter mais atitude
Na estrada da virtude
Só a leitura é quem guia
A cultura contagia
No momento mais sutil
Vou acordar o Brasil
Com cultura e poesia.

Cantando o amor desfeito

Quando um romance se acaba
São visíveis as sequelas,
Porque colhemos mazelas
E o nosso mundo desaba.
Só a solidão se gaba
Triturando o coração.
O sofrer será bordão
Pra dor que vive no peito. 
Quem canta um amor desfeito
Sente saudade e paixão.

A saudade é companheira
De quem sofre por amor.
Faz um poço de terror
E a paixão desce a ladeira,
Pois a flechada certeira
Transpassa a nossa razão.
No sofrer de uma prisão
Pagamos pelo mal-feito.
Quem canta um amor desfeito
Sente saudade e paixão.

Do balanço da saudade
Contemplo a melancolia
Que fere, pune e judia
Amparada na maldade.
Quando se perde a metade
Abre no peito um vulcão
Pra cacimba da ilusão
Eu marcho em caminho estreito.
Quem canta um amor desfeito
Sente saudade e paixão.

A gente briga por tudo

Minha namorada bela
Tem ciúme até demais
Porque não me deixa em paz
E por tudo faz novela
Eu já ando com cautela
Pois ele é desconfiada
Vez em quando uma brigada
Mas no seu beijo eu me grudo
A gente briga por tudo
Mas não se deixa por nada.

Se eu vou com ela pra rua
Não posso olhar pra ninguém
E se eu olho ela intervém
Ela briga e se amua
Por tudo ela tumultua
Finge que está magoada
Eu dou-lhe uma cutucada
Ela diz:"vem meu barbudo!"
A gente briga por tudo
Mas não se deixa por nada.

Um dia, na sua casa,
Esqueci meu celular
Quando eu voltei pra buscar
Eu a vi como uma brasa
Ela grita e extravasa
Com uma raiva danada
A senha foi bloqueada
Eu cheguei e saí mudo
A gente briga por tudo
Mas não se deixa por nada.

Já mandei ela ir embora
Mas ela diz que não vai
A sua raiva se esvai
Mas volta antes da hora
Ele finge até que chora
Para ser paparicada
Mas passa o dia emburrada
E eu fico carrancudo
A gente briga por tudo
Mas não se deixa por nada.

E pra aumentar a confusão
A minha ex me ligou
Quando o celular tocou
Eu me vi numa aflição
Eu com o celular na mão
Doido pra ver a chamada
Mas ela desesperada
Gritou pra mim:vai chifrudo
A gente briga por tudo
Mas não se deixa por nada.

Já estou me acostumando
Com esta mulher briguenta
Ela também me aguenta
Acho que ela está gostando
Eu vivo nela pensando
E a vejo mais controlada
E quando ela for domada
Eu libero o conteúdo
A gente briga por tudo
Mas não se deixa por nada.

Se de dia a gente briga
De noite a gente se ama
Tudo termina na cama
E se acaba toda intriga
Com um beijo ela me instiga
E eu lhe deixo alucinada
A raiva fica arquivada
Eu só grito:sou sortudo
A gente briga por tudo
Mas não se deixa por nada.









Agradecimento

Agradeço por ter me acolhido
Em seus braços e me dado teu amor.
Serra Velha foi berço acolhedor
Que fez tudo pra eu ser tão aplaudido.

Em seu solo eu me sinto protegido;
Reconheço a pujança e seu valor.
Eu lhe exalto e lhe abraço com fervor
E o seu nome será reconhecido.

Pois você me adotou como seu filho;
Recebi muito afeto e compartilho;
Hoje forte ninguém mais me derruba.

Este amor no meu peito é genuíno;
Que se cumpra meu sonho cristalino
De lhe ver sempre avante, oh é Itatuba.


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