sexta-feira, 18 de setembro de 2015

SOU MATUTO NORDESTINO E NUNCA IREI ME ENVERGONHAR

Sou nordestino e não nego
Nossa terra tem cultura
Que está a nossa altura
Que chega a encher meu ego
Eu cultivo e muito rego
Pra ela não se acabar
Que´la venha mais brilhar
E o preconceito elimino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

O jumento lá no campo
Meio dia a relinchar
No cercado a pastar
E o cavalo pirilampo
Esta paisagem estampo
No cordel a versejar
Coisas belas de olhar
Que vejo desde menino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

Jackson do padeiro é nosso
E Patativa do Assaré
São Francisco em Canidé
Jorge Amado eu endosso
Esquecê-lo eu não posso
De José de Alencar
Conhecido em além-mar
Suas obras eu assino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.
2
Já plantei muito feijão
Milho e fava também
E não nego pra ninguém
Qual a minha profissão
Sou agricultor então
Amo a terra cultivar
E com o gado lidar
Neste clima campesino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

Como posso ter vergonha
De Luiz rei do baião
De Padre Cíço Romão
Da canjica e da pamonha
De uma  ‘caboca’ risonha
No seu lindo cirandar
Nossa cultura popular
Tem mais um sabor divino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

Piso milho e rapadura
Dentro d'um grande pilão
Misturo bem a porção
Que tem uma grande doçura
Paçoca de cor escura
Gostosa de degustar
Forte pra se alimentar
Seu sabor é muito fino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.
3
Nós temos a vaquejada,
Xote, forró e baião
Maracatu e leilão
Queijo de coalho e buchada
Feijão verde, maxixada
A pedra de amolar
Uma noite de luar
No chiqueiro um suíno
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

A cabra bem amarrada
Em baixo do juazeiro
E o cabrito bem ligeiro
Para a primeira mamada
Da a sua disparada
Vai sua mãe procurar
No peito fica a amojar
Aquele bebê caprino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

No Nordeste tem quadrilha
Cantoria de viola
Tem tareco e mariola
Violeiro que dedilha
Poeta que lê sextilha
Para o povo escutar
Tem umbu pra nós chupar
O forró é genuíno
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.
4
A palma toda verdinha
Vai servir para a ração
Quando chega a sequidão
Salva a pobre vaquinha
Que urra a tardezinha
Querendo a fome matar
E o vaqueiro a olhar
Tenta salvar o bovino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

Nosso herói é Lampião
E não esqueço Ariano
Que já foi pra outro plano
Com Catulo da Paixão
Nossa festa é o São João
Podemos nos orgulhar
Tem forró pra nos dançar
Do mais  pobre ao granfino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

Quando chega o verão
A seca é tão voraz
A lavoura logo jaz
É triste a sequidão
Murcha toda a plantação
Ninguém pode mais plantar
Longe vai água buscar
Sem saber qual o destino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.
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Luiz da Câmara Cascudo
O vate Pinto de Monteiro
Nosso Jackson do pandeiro
Que cantou sem ter estudo
Pai de chiqueiro barbudo
Que vive a bodejar
Moça velha a sonhar
Querend’um novo destino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

Bebo água do barreira
Como feijão com coalhada
Carne de bode assada
Milho assado no braseiro
E compota de facheiro
Qu’é bom pra saborear
Pois quem sabe preparar
Fica com sabor divino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

O  pífano  de Caruaru
O repente de Batista
O poeta cordelista
A dança do maracatu
Nosso artista de Exu
Que’u  vivo de recordar
Ele sempre vai reinar
Como o mestre Vitalino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.
6
O nordeste é tão rico
Onde emana a cultura
Tem muita literatura
Muito encantado eu fico
Minha arte aqui pratico
Vendo o repente aflorar
No ato de improvisar
Onde o pinho mostra o tino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

Eu curto a capoeira;
O forro de Dominguinhos;
Facheiro com seus espinhos;
E o poeta Zé Limeira
Louro Branco e Oliveira
Com seu belo linguajar
Vale à pena escutar
Sua canção é um hino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

Tem o João Paraibano
E o grande Azulão
E  também o Camarão
Que está em outro  plano
Zé Vicente outro mano
Que sempre vamos lembrar
E o seu legado estar
Estampado em seu hino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.
7
Cantoria de repente
Emboladores na feira
Charque assada e macaxeira
Um aboiador valente
Vaqueiro bebe aguardente
E depois vai aboiar
Como é bom escutar
Nosso Jessier Quirino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

O Leandro de Pombal
Zabezinha de Monteiro
Oliveira o violeiro
Repentista tão legal
Zé do Couro é genial
Faz gibão de encantar
E as vestes para usar
O vaqueiro agrestino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

Aprecio o carnaval
Nossas festas genuínas
É só ver as festas juninas
E o nosso litoral
Nossa cultura é colossal
Podemos nos orgulhar
Os outros vêm nos visitar
O Nordeste é seu destino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.
8
Zé da luz deixou marcado
O seu verso tão sutil
Conhecido no Brasil
E por muito declamado
E Louro sempre lembrado
E Pinto tão popular
Mestre no improvisar
Hoje no plano Divino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

Sou nordestino da gema
Somos muito importantes
Estamos sempre avantes
Nossa cultura é suprema
Termino esse poema
Pra o povo apreciar
E o nordeste valorar
Que me respeito o sulino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

E o Raimundo Jacó
Um destemido vaqueiro
Do nordeste Brasileiro
Que sofreu de fazer dó
Na lida caído e só
Viu a traição chegar
Na inveja a brotar
Nas mãos de um assassino
Sou matuto nordestino
Nunca irei me envergonhar.

9
Poeta Esperntivo - Orobó-PB
Pádua Gomes Gorrión - Itatuba-PB







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