domingo, 23 de dezembro de 2018


*FESTIVAL DE POESIA DO GRUPO CORDEL,VIOLA E REPENTE*

*EDSON LINS*  *X*  *EL GORRIÓN*

*Como era antigamente*
*El Gorrión*
Não tinha televisão
Telefone não havia
Era difícil o acesso
Por falta de rodovia
Na zona rural jamais
Se falava em energia.

*Edson Lins*
 Antigamente se ouvia
Dos mais velhos um conselho
Os filhos obedeciam
Quando se estalava o relho
E toda mulher  penava
Pela falta de um  espelho.

*El Gorrión*
Não se tinha um aparelho
De se medir a pressão
Não se  fazia exames
De cabeça ou coração
Doenças só tinha febre
Tosse braba e rouquidão.

*Edson Lins*
Não tinha gás de bujão
Mas cozinhava com lenha
O radinho era de pilha
Pra se escutar a resenha
E o vaqueiro se entretia
Quando ia fazer ordenha.

*Edson Lins*
Não precisava de senha
Pra ir no banco rural
Nem para ser atendido
Na fila de hospital
Nossa moeda era réis
Muito melhor que real.

*El Gorrión*
O transporte era animal
Que na cangalha ou na sela,
Transportam mantimentos
Com pureza e sem mazela,
E o tropeiro abastecia
Toda sua clientela.

*Edson Lins*
Velório era sentinela
Com o povo no terreiro
Lá na varanda o defunto
No claro do candeeiro
E a família usava luto
Pelo ente o ano inteiro

*El Gorrión*
Nosso povo campineiro
Desconhecia o CD
Microondas, batedeiras,
Geladeira  e DVD
Mas o matuto em seu  rancho
Lia a carta de ABC.
*Edson Lins*
O óleo era de dendê
Mamona e amendoim
Na padaria não tinha
Chocolate e nem pudim
Mais tenho orgulho em dizer
Antigamente era assim

*El Gorrión*
A cama era de capim
E a panela era de barro
Uma mesa de madeira
Com flores dentro do jarro
Todo povo andava a pé
Pois não existia carro.

MOTE EM SETISSÍLABOS

*Só canta isto que sente*
*O poder do criador*.

*El Gorrión*
Vejo a lua no horizonte
Bem depois que o sol se esconde
No céu um trovão responde
Que estremece  todo monte
As águas descem da fonte
Deixando a terra um frescor
A essência de uma flor
Trás esperança luzente
Só canta isto que sente
O poder do criador.

*Edson Lins*
Imbuá tem mais de cem
Pernas e devagar anda
A aranha é quem comanda
As linhas que ela tem
Azulão sofreu vêm vêm
Gavião Águia e condor
Raposa Guará castor
Germinação de semente
Só canta isso quem sente
O poder do criador.

*El Gorrión*
Quando vejo um pirilampo
Com seu pisca-pisca alerta
Eu fico de boca aberta
Que o meu sorriso  destampo
Pois deixa mais belo o campo
Em um  pomposo esplendor
As noites têm mais fulgor
Que até Deus fica contente
Só canta isto que sente
O poder do criador.

*Edson Lins*
Uma nuvem carregada
O vento empurrando ela
Uma noite Clara e bela
Já perto da madrugada
A brisa passa gelada
Pra esfriar o calor
Trazendo o melhor odor
Que as flores doam pra gente
Só canta isso quem sente
O poder do criador.

*El Gorrión*
As abelhas fazem mel
Sem panela e sem receita
Do vergel faz a colheita
Deixando cheio o tonel
Este belo coquetel
Feito com tanto  primor
Tem o mais fino sabor
Que põe um riso na gente
Só canta isto que sente
O poder do criador.

*Edson Lins*
O oceano profundo
Suas águas suas ilhas
E mais outras maravilhas
Bonitas que tem no mundo
O solo fértil e fecundo
Que foi feito com amor
E um socó pescador
Pescando em água corrente
Só canta isso quem sente
O poder do criador.

*El Gorrión*
Como é lindo um passarinho
Cuidando da sua prole
Tudo  que ele  acha  engole
E já trás mastigadinho 
No bico do filhotinho
Ele põe com tanto amor
Age contra o predador
Como um soldado valente
Só canta isto que sente
O poder do criador.

*El Gorrión*
Leão rei da selva é
Não teme a onça pintada
A zebra é toda listrada
E tem medo de jacaré
Papagaio fala até
João - de - barro é construtor
E olhar o sol se pôr
No janelão do poente
Só canta isso quem sente
O poder do criador







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