São João do meu Nordeste
Com
alegria tão brilhante,
Nas
bandeiras coloridas
O céu
parece um gigante,
Se enche
de luz e magia
Num
arrasta-pé vibrante.
Nas ruas,
tudo é festejo,
Tem balão
e tem balé,
Festa até
o sol raiar
No calor
do xote e do pé,
O
sanfoneiro se empolga
E o povo
dança com fé.
Tem milho,
canjica e bolo,
Tem rojão
cortando o ar,
Tem
fogueira queimando alto
Pra
espantar o mal-olhar,
E as
chamas dançam alegres
No
terreiro a crepitar.
O forró
manda o recado
Na zabumba
e no triângulo,
As moças
giram rodando
No vestido
bem exângulo,
E o salão
vira um mar
De alegria
em cada ângulo.
O céu
brilhante em mil cores
Com
foguetes a explodir,
É
vermelho, verde e amarelo
Aos montes
a reluzir,
E a
população encantada
Corre, pula,
sem cair.
São João é
chama acesa,
É saudade
e tradição,
É o cheiro
bom do sertão
Misturado
à emoção,
Nosso povo
nunca esquece
A força
dessa paixão.
Tem
bandeirinha no vento,
Colorindo
o arraial,
O céu fica
todo enfeitado
Com um
toque especial,
E até o
luar parece
Mais
bonito no local.
A sanfona
chora alto
Feito um
canto de sertão,
O povo
pisa macio
Na poeira
e no chão,
E o forró
vai até tarde
Com calor
no coração.
As
quadrilhas organizadas
Desfilam
com precisão,
Tem
casamento matuto
E bastante
animação,
Com noivo
bobo e o padre
Fazendo a
encenação.
A fogueira
queima forte
Com seu
som de estalo e brasa,
As
famílias se reúnem
No
terreiro e na varanda,
É tempo de
união
E de paz
que nunca atrasa.
Tem o
cheiro bom do milho
Invade
toda a cidade,
Tem
pamonha e tem cuscuz
Feito com
simplicidade,
E na mesa
é só fartura
Com gosto
e variedade.
Tem baião,
xaxado e xote
Nos passos
do povo arretado,
E cada par
se balança
No
compasso bem marcado,
E o
coração acelera
Com um
sorriso estampado.
As roupas
são de retalhos,
Mas cheias
de esplendor,
As moças
com suas tranças
E os
chapéus têm seu valor,
O colorido
se espalha
Como
bênção do Senhor.
Tem gente
vinda de longe
Só pra ver
a tradição,
Pra dançar
no chão de barro
Com o pé
descalço no chão,
Para viver por uns dias
O encanto
do São João.
Cada santo
é celebrado
Com fervor
e devoção,
São Pedro
e Santo Antônio
Também têm
o seu quinhão,
Mas o
brilho bem maior
É de São
João, a tradição.
Na janela,
luz acesa,
Na
calçada, animação,
Tem trio
tocando ao vivo
Com
zabumba e violão,
E ninguém
fica parado
Nesse
clima de paixão.
As
crianças soltam traque
E correm
pelo terreiro,
Os mais
velhos contam causos
Ao redor
do candeeiro,
E a noite
se eterniza
No sorriso
verdadeiro.
As
estrelas lá no céu
Brilham
como fogaréu,
E enquanto
aqui na terra
Tem amor
no carrossel,
E o sertão
vira poesia
No
compasso do cordel.
Tem
pescaria e correio,
Correio do
coração,
Pra mandar
um bilhetinho
Cheio de
declaração,
E o amor
floresce fácil
No meio da
multidão.
Tem matuto
e tem doutor
Pulando na
mesma linha,
Ninguém
liga pra dinheiro
Só quer
ver a fogueirinha
Porque o
São João do povo
É festa
pra galerinha.
Ninguém
ver o tempo parar
No batuque
do forró,
Com
sanfoneiro sorrindo
E suor
escorrendo só,
Que
alegria tão bonita
Que nem precisa
de pó.
Os
foguetões sobem alto
Feito
um sonho no ar,
Estouram
com força e luz
Para todo
mundo olhar,
E o céu
vira um desenho
Que
ninguém quer apagar.
Se é no
campo ou na cidade,
O festejo
é verdadeiro,
Não
importa onde se esteja
Tem
quadrilha e sanfoneiro,
Pois o
Nordeste da gente
A festa é
em junho inteiro.
E assim
termina o cordel
Do São
João encantador,
Que
celebra nossas cores
Com
carinho e muito amor,
Deixando
viva a memória
Do
Nordeste sonhador.
Gorrión da
Rabeca
Itatuba-PB