quarta-feira, 15 de julho de 2015

TOADA DO VAQUEIRO APAIXONADO

Sou poeta popular
Itatuba é meu lugar
Deixe eu me apresentar
Pádua Gomes, sou chamado
Sou poeta professor
Um vaqueiro aboiador
E o peito ardendo por
Mulher é festa de gado.
  
Sou poeta apaixonado
E um vaqueiro letrado
Das mulheres sou amado
Sou seu admirador
Gastei toda minha grana
No cabaré e na cana
Com uma mulher leviana
Que me negou seu amor. 

Nas ruas perambulando
Levo a vida chorando
Daquela ingrata lembrando
Lamentando a triste sorte
Ela é bandida e ingrata
O seu desprezo me mata
Estou feito um vira-ata
Só esperando a morte.

O desprezo é meu recinto
Do seu amor sou faminto
Vou acabar sendo extinto
Vivo na maior sofrência
É grande o meu abandono
Pareço um cão sem dono 
Não durmo, não tenho sono
Perdi minha referência.

A saudade me angustia
Não sinto mais alegria
O teu amor me alforria
A minha vida é sofrer
Me afoguei na bebida
Destruí a minha vida
Por causa de tu, fingida
Não paro mais de beber.

Tornei-me um moribundo
Meu desgosto é profundo
Não te esqueço um segundo
E grande a minha emoção
Com as lágrimas me alimento
Abranda meu sofrimento
Respeita meu sentimento
De amor e de paixão.

Amei muito, estou perdido
E não fui correspondido
Vivo no mundo iludido 
Fantasiando o amor
Alimentando meu sonho
Vou caminhando tristonho
E num desprezo medonho
Aumenta mais minha dor.

Já perdi as esperanças
Guardo somente as lembranças
O cheiro de suas tranças 
Exala em meu nariz
Saudades de seu abraço
Do repouso em seu regaço
Hoje estou só o bagaço
Num sofrimento infeliz.

Eu amei sem ser amado
Não passo de um coitado
Sou um vaqueiro desprezado
É triste sofrer assim
Já não janto, não almoço
Quero comer e não posso
Sou considerado um troço
Que já está chegando ao fim.

Termino essa toada
Com minha vida arruinada
Por causa de uma amada
É que eu estou sem caminho
Sou o assunto da praça
Me afoguei na cachaça
E ela achando graça
Por me negar seu carinho.

Pádua Gomes Gorrión
Itatuba-PB
29/06/2015

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